L’esthétique de l’inquiétante étrangeté dans le livre Mégapolis: les derniers pas du flâneur.
Palavras-chave:
estranho, duplo, ficção, Régine Robin
Resumo
O objetivo deste artigo é abordar a obra Mégapolis: les derniers pas du flâneur de Régine Robin sob uma perspectiva psicanalítica, especificamente a partir da noção de “estranho” elaborada por S. Freud em um estudo homônimo, publicado em 1919. Nesse estudo, Freud se dedica à pesquisa sobre uma estética ligada ao ‘estranho’, uma estética que provoca no sujeito, exposto a uma situação cotidiana ou a uma obra de arte, um sentimento de ‘inquietante estranheza’. Mégapolis é uma obra literária de difícil categorização: ensaio, ensaio ficcional, romance, autoficção, relato de viagem, reportagem, guia cultural. Para articular essa obra à estética do estranho, foram selecionadas passagens em que a ficção se sobrepõe aos outros gêneros narrativos, sobretudo aquelas em que a personagem-narradora se depara com seu duplo privilegiado que é materializado na figura da ‘mulher que anda’ (La femme qui marche), obra do artista multimídia canadense Michael Snow. Essa figura é representada pela silhueta de um perfil de mulher recortada em cartolina. Em Mégapolis, a figura aparece subitamente durante as perambulações de Robin por cinco megalópoles. Seu surgimento inesperado provoca tanto na personagem como no leitor um desnorteamento. Primeiro porque rompe a linearidade da narrativa marcando a passagem de um gênero narrativo para outro; segundo porque a figura, que surge, persegue e assombra a personagem tornando-se seu duplo. Sustentaremos que a sensação provocada pelo surgimento do duplo em Mégapolis está ligada à estética do ‘estranho’ que pode ser experimentada diante uma obra ficcional.
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