ALÉM DO DESERTO

A concha e a multiplicidade na paisagem Pós-antropoceno

  • Ana Luiza Silva Freire
  • Marcos Bohmer Britto
Palavras-chave: Arqueologia do Antropoceno, ontologia, paisagem, imaginação, Pós-antropoceno

Resumo

Há muito nosso modo de pensar esteve centrado na figura humana como principal agente das transformações da paisagem do planeta. Se apoiando na oposição dicotômica cultura e natureza, este pensamento se insere num contexto mais amplo: a era geológica nomeada de Antropoceno. A emergência climática consequente ao Antropoceno suscita previsões de que o planeta não suportará mais o modo de vida posto atualmente pelo Ocidente capitalista, o que recai sobre uma equivalência entre a extinção da vida humana e a extinção da vida, em geral, e das múltiplas existências na Terra. Como objeto de pensamento, este artigo utiliza-se de uma concha, encontrada durante um processo de pesquisa empírico, e tomada como artefato arqueológico. O debate conceitual segue o rastro desse caco do tempo presente, bem como se baseia na materialidade e nas histórias das paisagens onde a concha foi encontrada, e se fundamenta nas noções de Deserto, de Elisabeth Povinelli (2023), e Paisagens relacionais, de Anna Tsing (2019). Objetiva-se, dessa maneira, discutir ontologicamente possibilidades de paisagens pós-antropocêntricas complexas, para além da dualidade natureza/cultura.

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Publicado
2024-06-06
Como Citar
SILVA FREIRE, A. L.; BOHMER BRITTO, M. ALÉM DO DESERTO: A concha e a multiplicidade na paisagem Pós-antropoceno. PIXO - Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade, v. 8, n. 29, p. 272-287, 6 jun. 2024.