SOBREVIVÊNCIAS DE CIDADES-RUÍNAS PÓS BARRAGEM DE ITAPARICA

Uma montagem urbana

  • Carolina Guida
  • Ricardo Trevisan
Palavras-chave: paisagens inundadas, cidades barrageiras, Rio São Francisco, ruínas, memória

Resumo

Desde o período colonial até a contemporaneidade, a perenidade do Rio São Francisco em plena região semiárida demarca um motivo primordial para atrair comunidades e consolidar cidades. Após 1970, porém, ao contrário de fundarem cidades, as águas do São Francisco afundaram as mesmas pela construção de usinas hidrelétricas e respectivos represamentos. Com o objetivo de expandir a oferta energética na região e promover o desenvolvimento econômico das áreas vulneráveis no Nordeste, a construção de tais infraestruturas acabaram por inundar inúmeros assentamentos às margens do Velho Chico. Consequentemente, centenas de famílias foram compulsoriamente transferidas para novas cidades, as “cidades barrageiras”. Num ato de resistência ao silenciamento, no presente trabalho serão analisadas as ruínas materiais de três cidades submersas pela ação antrópica, que deram lugar às respectivas “cidades barrageiras” de Petrolândia (PE), Itacuruba (PE) e Rodelas (BA) – realocadas em decorrência da construção da Usina Hidrelétrica de Itaparica (1988) entre os estados de Pernambuco e Bahia. Mediante o método-montagem benjaminiano e respectivas interpretações, assim como uso de procedimentos de caráter histórico-investigativo e cartográfico, busca-se, à contrapelo, documentar e mapear tais reminiscências e, assim, dar voz a novas formas de pensar e articular a paisagem, resistindo à eminente constante de desaparecimento.
Publicado
2024-06-06
Como Citar
GUIDA, C.; TREVISAN, R. SOBREVIVÊNCIAS DE CIDADES-RUÍNAS PÓS BARRAGEM DE ITAPARICA: Uma montagem urbana. PIXO - Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade, v. 8, n. 29, p. 372-391, 6 jun. 2024.