TECNOLOGIAS ANTIGAS E ATUAIS

Fotografia, Velocidade e Patrimônio Industrial

  • Francisca Ferreira Michelon
Palavras-chave: tecnologia, fotografia, dromologia, patrimônio industrial

Resumo

A fotografia, uma tecnologia seminal nos países que se industrializaram no século do seu surgimento, manifestou-se em todos os estratos sociais – do doméstico aos grandes eventos – atuando como registro e instrumento da ciência, política, guerra e religião. Sua utilização apresentou tanto benefícios quanto consequências adversas. Caracterizada por uma contínua insatisfação, a fotografia evoluiu em formato, processo e dispositivo, tornando quase irreconhecível a sua forma atual em comparação com as práticas do século XIX. A superação de câmeras robustas, processos nocivos e baixa sensibilidade à luz marcou uma transição motivada pela busca incessante por velocidade, um imperativo que a define. Essa trajetória de quase dois séculos da fotografia ilustra com precisão a “dromologia” de Paul Virilio: a lógica da velocidade e da aceleração que perpassa a modernidade. Este conceito se aplica para demonstrar como a indústria fotográfica, enquanto fenômeno significativo, transcendeu sua função primordial. Sua materialidade se converteu em “tempo fossilizado”, e seus sentidos em uma “sala de espelhos” que reflete um objeto em constante transformação. A trajetória dromológica da fotografia não só desvenda o processo industrial de seu desenvolvimento, mas também aponta para como os tratamentos temporais, imbuídos de valor histórico, reconfiguram antigos espaços fabris em patrimônio, evidenciando a indissociável ligação entre tecnologia, celeridade e a construção da memória.

Publicado
2025-07-01
Como Citar
FERREIRA MICHELON, F. TECNOLOGIAS ANTIGAS E ATUAIS: Fotografia, Velocidade e Patrimônio Industrial. PIXO - Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade, v. 9, n. 33, p. 14-25, 1 jul. 2025.