-
paulo rogerio rosa correa
Universidade Federal de Pelotas
Palavras-chave:
Conhecimento, vida, impulsos, verdade
Resumo
O ensaio tem por objetivo analisar a relação entre conhecimento e vida no aforismo “Origem do conhecimento” de A gaia ciência. Friedrich Nietzsche identifica que, num primeiro momento, o intelecto produziu erros ao longo do tempo. Contudo, muitos erros tornaram-se úteis para a preservação e perpetuação da espécie. Os erros advêm do fato do intelecto humano ter que fornecer respostas que passavam pela lógica da utilidade e do controle sobre a natureza. Dessa forma, o múltiplo e o fluído precisaram ser estancados e transformados em uno e imóvel. O diverso precisou ser igualado, o bom “para mim” foi transformado em bom “em si”, etc. Para Nietzsche os erros condicionaram psico-fisiologicamente o homem e penetraram no interior da filosofia.O aforismo “Origem do conhecimento” nos coloca em condições de pensar sobre afastamentos e rupturas em relação à tradição filosófica clássica, como por exemplo: a recusa da cisão entre sujeito e objeto e profusão de impulsos e instintos, e não a verdade, que tomam parte na construção do conhecimento. Para o filósofo alemão a verdade aparece mais tarde como a forma menos forte de conhecimento a partir do desenvolvimento do ceticismo. Nesse momento Nietzsche parece identificar o surgimento de algo novo na relação entre conhecer e viver que é a profusão de impulsos contrários que começam a tomar partido e anseiam por domínio. Ao fim do aforismo Nietzsche sugere uma inversão na questão do conhecimento. Não mais este como meio de vida, mas a vida como meio de conhecimento. Tal fato torna-se possível através da experimentação.