“A SENHORA É DESTRUIDORA MESMO”: ETNOGRAFANDO A SOCIALIZAÇÃO E A SOCIABILIDADE ENTRE AS TRAVESTIS NO CONTEXTO URBANO MOSSOROENSE

  • Pietra Azevedo PPGAS/UFRN

Resumo

Com expectativa de vida de 35 anos de idade, residindo no país com os maiores índices de mortes motivadas por transfobia no mundo e com a prostituição sendo a principal atividade remunerativa para cerca de 90% das travestis, estas performatizam suas identidades no Brasil. A partir de uma pesquisa etnográfica realizada com quatro travestis entre julho de 2015 e setembro de 2017, nos moldes da antropologia social com base na observação participante, discutiremos sobre a socialização e a sociabilidade entre as travestis no contexto urbano mossoroense. Nas sinuosidades das relações e trocas sociais encontramos manutenções e rupturas dos modelos que são estendidos através da prostituição e do conflito social que alimentam a hostilidade e a rivalidade entre as travestis. Visualizamos que há espaços para transformações desde os processos de trocas e aprendizagens até os relacionamentos estabelecidos no cotidiano, onde foi possível perceber a emergência de avanços na aceitação familiar e produção de novas referências e na construção de relações amistosas, de solidariedade e apoio mútuo, ainda que incipientes, mas que gradativamente estão modificando esse contexto, produzindo novas formas de interação social.

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Biografia do Autor

Pietra Azevedo, PPGAS/UFRN
Travesti bacharel em Ciências Sociais/UERN (2017). Mestranda em Antropologia Social pelo PPGAS/UFRN (ingresso em 2018) na linha de pesquisa "gênero, sexualidades, corpo e saúde". Integrante do Grupo Gênero, Corpo e Saúde (GCS/UFRN) e do Grupo de Estudos Culturais (GRUESC/UERN). Foi bolsista do Programa de Educação Tutorial em Ciências Sociais PETCIS/UERN (2017). Realizou intercâmbio no Instituto Universitário de Lisboa/ISCTE-IUL (2017), onde estudou um semestre na Licenciatura em Antropologia. Tem interesse na área de Antropologia, com ênfase nos estudos das relações de gênero e sexualidades, cujo enfoque recai sobre os temas: travestilidades, transgeneridades, ruralidades, urbanidades, deslocamentos, performance identitária, LGBTI.
Publicado
2021-12-22