SOCIOECOLOGIA E SAÚDE DE POPULAÇÕES QUILOMBOLAS DO PARÁ, AMAZÔNIA, BRASIL

Palavras-chave: Saúde da População Negra, Determinantes Sociais de Saúde, Doenças Crônicas, Racismo, Bioantropologia

Resumo

Quilombolas são populações afrodescendentes que conseguiram sobreviver à escravidão e constituir sociedades contemporâneas com organização política, territorial e econômica própria. São grupos considerados vulnerabilizados devido a suas condições de vida, formas de subsistência, e ao enfrentamento de violência e racismo cotidianos, fatores que interferem diretamente em sua saúde. A partir de uma perspectiva bioantropológica, analisamos 306 famílias de seis comunidades quilombolas do Estado do Pará utilizando técnicas antropométricas, questionários, entrevistas semiestruturadas e exames físicos sobre situação socioecológica, nutricional e de saúde. Em geral as condições socioecológicas afetam sobremaneira a vida dessas populações, pois todas carecem de saneamento ambiental, água tratada, vivem em habitações precárias, onde muitas vezes não há banheiro interno. Essas condições influenciam nos altos níveis de parasitismo, infecções respiratórias, doenças de pele e outras enfermidades infectocontagiosas e crônicas. A escolaridade é baixa e o acesso à serviços de saúde é difícil devido às distâncias entre as comunidades e as áreas urbanas. A investigação a partir de uma perspectiva bioantropológica permitiu concluir que os determinantes sociais de saúde vivenciados por essas comunidades exercem enormes pressões sobre suas vidas, resultando em problemas como excesso de peso e outras doenças crônicas, doenças infeciosas e parasitárias e stress, que se refletem em elevada morbidade, principalmente entre as mulheres, e potencialmente reduzida expectativa de vida.

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Biografia do Autor

Ligia Amaral Filgueiras, Universidade do Estado do Pará - UEPA
Possui graduação em Licenciatura Plena em Biologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) (1998), Mestrado em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (BADPI) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) (2002), Doutorado em Antropologia, na Área de Concentração Bioantropologia, Linha de Pesquisa Socioecologia da Saúde e da Doença, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA/2012-2016), sob orientação do Prof. Dr. Hilton Pereira da Silva. É Professora Efetiva da SEDUC-PA (Ensino Médio) e Professora Assistente IV (40 horas) da Universidade do Estado do Pará (UEPA), tendo trabalhado nos cursos de Ciências Naturais, Biologia, Biomedicina, Medicina e Enfermagem. Estuda populações amazônicas ribeirinhas, quilombolas avaliando sua saúde. Tem experiência na área de Biologia, Bioantropologia, Evolução, Ecologia Humana. Atua nos seguintes temas: Ecologia de ambientes aquáticos, Educação, Bioantropologia, Saúde. É líder do Grupo de Pesquisa em Bioantropologia da UEPA. Compõe a Comissão de Ética no Uso de Animais – CEUA UEPA Campus XII - Santarém. Inglês fluente.
Publicado
2020-12-31
Seção
Dossiê Antropologia Biológica