Habitar sob risco
Uma etnografia das enchentes em Rio das Flores
Resumo
Este artigo investiga, sob uma perspectiva antropológica, as enchentes recorrentes no bairro Elizabeth, em Rio das Flores (RJ), a partir de entrevistas com mulheres que vivenciam cotidianamente o transbordamento do córrego Manuel Pereira. Longe de serem apenas eventos naturais, as enchentes configuram-se como processos relacionais, nos quais materialidades, corporalidades e técnicas se entrelaçam. A água, a lama, os móveis, os corpos humanos e não-humanos constituem uma ecologia compartilhada, onde perdas materiais são também perdas simbólicas, e onde o habitar se refaz continuamente em meio ao risco. As narrativas revelam como a enchente atravessa memórias, afetos e modos de existir, produzindo identidades e coletividades. Ao articular antropologia dos desastres, memória social e debates sobre justiça climática, o estudo evidencia que a experiência da enchente não se limita ao trauma, mas também gera solidariedade e agenciamento comunitário. Assim, propõe compreender o habitar sob risco como co-produção entre humanos, mais-que-humanos e elementos materiais, em um território marcado por vulnerabilidades e resistências.
Palavras-chave: Materialidades; Antropologia dos desastres; Memória coletiva.
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