A FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO ANIMAL NOS CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA METAFÍSICA
Resumo
Nos Conceitos Fundamentais da Metafísica, Heidegger apresentou uma interpretação da vida como sendo um modo de ser. Concentrando-se na vida animal, ele concebeu os organismos vivos como sendo estruturalmente determinados por relações ambientais. Vivendo em um paramundo, os animais são capazes de um tipo específico de comportamento dotado de uma forma própria de normatividade. Os comportamentos dos animais estão relacionados com algo que aparece ao organismo como promovendo uma desinibição de pulsões. Assim sendo, os animais vivem em lugares ambientais que promovem comportamentos regulados por aptidões pulsionais. Este artigo delineia uma interpretação da abordagem fenomenológica da percepção animal que resulta do reconhecimento daquele tipo de normatividade ambiental. Tendo como base a interpretação da percepção na existência humana, uma reconstrução analógica destaca três resultados principais acerca da natureza da percepção animal. Primeiro, a percepção desempenha um papel de asseguramento na normatividade ambiental; segundo, ela possui a qualidade de promover a comutação pulsional; por fim, há uma estrutura pulsional pertencente ao comportamento perceptivo, a qual regula a priori o escopo das desinibições pulsionais possíveis para o organismo.Referências
DAWKINS, R. A escalada do monte improvável. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
DEGRAZIA, D. Self-awareness in animals. In: LURZ, R. The Philosophy of Animal Minds. Cambridge: Cambridge University Press, 2009, p. 201-217.
ENGELLAND, C. Heidegger and the Human Difference. In: Journal of the American Philosophical Association, v. 1, n. 1, p. 175-193, 2015.
FUCHS, T. Ecology of the Brain. Oxford: Oxford University Press, 2018.
GOLOB, S. Heidegger on Concepts, Freedom and Normativity. Cambridge: Cambridge University Press, 2014.
HEIDEGGER, M. Die Grundbegriffe der Phänomenologie. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann,
HEIDEGGER, M. Sein und Zeit. Max Niemeyer: Tübingen, 1989.
HEIDEGGER, M. Die Grundbegriffe der Metaphysik. Welt – Endlichkeit – Einsamkeit. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1983.
MALPAS, J. Geografia, Biologia e Política: Heidegger sobre lugar e mundo. In: Natureza Humana: Revista de Filosofia e Psicanálise, v. 11, n. 1, p. 88-101, 2009.
MARDER, M. Plant-Thinking: A Philosophy of Vegetal Life. New York: Columbia University Press, 2013.
______.The Philosopher’s Plant: An Intellectual Herbarium. New York: Columbia University Press, 2014.
MCINTYRE, A. Dependent Rational Animals: Why Humans Beings Need the Virtues. Chicago: Open Court, 1999.
MITCHELL, A. The Fourfold: Reading the Late Heidegger. Evanston: Northwestern University Press, 2015.
MORRIS, D. Animals and Humans, Thinking and Nature. In: Phenomenology and Cognitive Science, v. 4, n. 1, p. 49-72, 2005. Disponível em: <10.1007/s11097-005-4257-x>. Acesso em: 18 abr. 2014.
MOYLE, T. Heidegger’s Philosophical Botany. In: Continental Philosophy Review, v. 50, n. 3, p. 377-394, 2017. Disponível em: <https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11007-016-9396-y>. Acesso em: 18 abr. 2018.
NILSSON, D. The evolution of eyes and visually guided behavior. In: Philosophical Transactions of the Royal Society B, v. 364, p. 2833-2847, 2009. Disponível em:
OKRENT, M. Nature and Normativity: Biology, Teleology, and Meaning. New York/London: Routledge, 2018.
REIS, R. Pulsão e dimensão: Heidegger e a estrutura da aptidão orgânica. In: TRANS/FORM/AÇÃO. Revisa da Filosofia, 2018a (no prelo).
______. Fenomenologia zoocêntrica e normatividade. In: Revista Natureza Humana, 2018b (no prelo).
______. Heidegger e os limites da matematização no conhecimento dos organismos vivos. In: Kriterion, v. 138, p. 691-710, 2017. Disponível: . Acesso em: 18 abr. 2018.
______. A interpretação privativa da vida e a relação circular entre Biologia e Ontologia. In: Revista de Filosofia Aurora, v. 22, p. 423-435, 2010.
SEARLE, J. The Phenomenological Illusion. In: REICHER, M.; MARECK, J. Erfahrung und Analyse. Viena: ÖBV & HPT, 2005, p. 317-336.
SKOCZ, D. Wilderniss: a Zoocentric Phenomenology – From Hediger to Heidegger. In: Analecta Husserliana, v. 83, p. 217-224, 2004.
TORRES, J. C. B. Sobre a distinção heideggeriana entre órgão e instrumento e a revolução biológica contemporânea. In: Revista Filosófica de Coimbra, v. 38, p. 315-340, 2010.
(1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
(2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
(3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre)