O RESPEITO AO OUTRO NA ÉTICA DE PAUL RICOEUR
Resumo
No artigo Simpatia e respeito (1954), Paul Ricoeur delimita o campo da ética da segunda pessoa aos sentimentos de simpatia, luta e respeito. Mais tarde, em O si-mesmo como um outro (1990), o esquema será modificado com a introdução da amizade (philia) e da solicitude em lugar da simpatia. O respeito permanecerá como categoria moral. Algumas questões parecem ficar em aberto. Primeiro, por que Ricoeur assume a ética do respeito no tratamento da segunda pessoa? Em segundo, por que substitui a simpatia pela amizade-solicitude? E ainda: por que deixa de lado a luta? E em terceiro, até que ponto ele conserva a categoria de respeito tomada na acepção kantiana? Sugerimos três respostas. Em um sentido, que a ética do respeito resolve tanto o problema derivado do tratamento da alteridade enquanto coisa como também a tendência à fusão decorrente da simpatia, e à deposição do outro de sentimentos negativos, tais como a luta. Em outro que, além da simpatia ser substituída pela amizade-solicitude, em um plano horizontal não se manterá a mesma estrutura dialética composta por simpatia, luta e respeito. Por fim, que, ao lado disso, permanece a mesma estrutura dialógica de fundo em que a solicitude, tal como antes a simpatia, equivale à face afetiva do respeito; e o respeito será a solicitude transposta para o plano abstrato das regras morais.(1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
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