PERSPECTIVAS NATURALIZANTES DE NIETZSCHE EM ‘ALÉM DO BEM E DO MAL’

  • Helmut Heit TU-Berlin – Institut für Philosophie

Resumo

O título deste paper conecta duas palavras, frequentemente aplicadas ao pensamento de Nietzsche, mas usualmente não de forma simultânea, dado que perspectivismo e naturalismo são frequentemente vistos como conceitos alternativos, ou mesmo contraditórios. Enquanto perspectivismo é associado a leituras estéticas, construtivistas, kantianas e mesmo relativistas e pós-modernas de Nietzsche, a noção de naturalismo o aproxima da ciência, do empirismo e do realismo. Por esta razão, muitos dos que atribuem a Nietzsche versões de perspectivismo abrigam reservas com relação a leituras naturalistas e vice versa. Esse paper, todavia, argumenta que Nietzsche não defende ou desenvolve abertamente ‘naturalismo’ ou ‘perspectivismo’ na forma de doutrinas ou teorias. Devemos ser relutantes em aplicar denominadores, aparentemente tão estreitos a sua filosofia, haja vista poderem muito bem ser, fundamentalmente, enganadores. Ademais, tais abordagens tendem a resultar em preconceitos confirmados ao invés de novas ideias. Então, com relação a questão de se Nietzsche deve ser chamado de um ‘naturalista’, me parece que a maldade [evil] tem peso consideravelmente maior do que a necessidade, nesse caso. Nietzsche não ensina doutrinas mas exemplifica, testa e propõe certas práticas filosóficas, sendo que essas sim contêm características naturalistas e perspectivísticas. Ele convida o seu leitor a adotar perspectivas naturalistas e as explora experimentalmente nos seus respectivos contextos práticos a fim de perseguir um dado projeto. As abordagens naturalizantes de Nietzsche da mente, filosofia e ciência, seu aparente empirismo, sensualismo e materialismo são sempre contrapesados por uma epistemologia crítica.
Publicado
2015-01-01