Antropologia de Agostinho de Hipona, fortitudo corporis na hierarquia dos bens criados.
Resumo
O estudo trata-se de extrair da obra de Agostinho de Hipona as bases para uma antropologia filosófica. O Problema antropológico formulado por Agostinho do composto corpo/alma, como partes integrantes da condição humana se destaca com algumas oscilações na evolução de seus escritos. Antes de tudo Agostinho assume uma posição propensa à negatividade do corpo e seu lugar na escala valorativa dos bens criados, ao desconfiar dos estímulos e solicitações que o corpo recebe da exterioridade dos sentidos que poderão desviar o homem no itinerário da sabedoria e da verdade. Por conseguinte, na esteira da literatura paulina o hiponense assume a positividade do corpo como morada da alma, ocupando, assim, um lugar de destaque e valor estimado na ordem das criaturas.Em De quantitate animae (obra cuja data de composição se situa entre 387 e 388), Agostinho confirma essa noção de alma como substância dotada de razão e, portanto, devidamente apta para governar o corpo devido a sua grandeza. Uma vez que esta doutrina considera a alma uma realidade espiritual e superior no homem, o corpo deve colocar-se numa posição de subordinação. Dessa forma, a união corpo e alma se apresenta como meramente acidental, mesmo assim, o corpo humano não se exclui de qualquer valor na ordem dos bens criados. O problema descrito inicialmente por Agostinho no De quantitate animae é axiológico e não ontológico, porque se refere ao lugar ou posição que o corpo e a alma ocupam na estruturação da condição humana. De acordo com Agostinho, o erro dos platónicos está em compreender o corpo como estorvo da alma, devido às paixões que a alma está forçada a suportar por sua vinculação com o corpo.Referências
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