“PEIXE É IGUAL GENTE”: etnoecologia da pesca entre os vazanteiros-pescadores do Médio Rio Tocantins

  • Vonínio Brito de Castro Instituto Federal do Tocantins
  • Flávio Bezerra Barros Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPA
Palavras-chave: conhecimento tradicional, cosmologia, pesca, Amazônia

Resumo

Neste estudo, descrevemos e analisamos os conhecimentos etnoictiológicos acumulados pelos vazanteiros-pescadores do Médio Rio Tocantins e algumas das cosmologias associadas à prática da pesca. A pesquisa envolveu trabalho de campo com entrevistas semi-estruturadas e não estruturadas numa abordagem qualitativa sob o suporte da “observação participante” e da “análise situacional”. O estudo revela que o rio e os peixes têm uma dinâmica interdependente e tanto as espécies como a própria práxis estão atreladas à dinâmica da lua. Com isto, além de dias e horários específicos para a pesca, apetrechos e técnicas próprias de pesca têm sido desenvolvidos e aperfeiçoados ao longo de mais de dois séculos de convívio nessa região. A reprodução dos conhecimentos associados à pesca, incluindo a fabricação artesanal dos apetrechos e técnicas usadas se dá por um processo remoto de aprendizagem doméstica sustentado na prática. Isto tem permitido sua continuidade bem como a peerpetuidade de todo um corpus que inclui as particularidades de cada peixe e os tabus, ao longo das gerações por mais de dois séculos. Segredos e cosmologias sobre a biota aquática têm sido desenvolvidos, moldados e transmitidos culturalmente, o que tem contribuído para a continuidade dos vazanteiros-pescadores mesmo após o barramento do rio.

Biografia do Autor

Vonínio Brito de Castro, Instituto Federal do Tocantins
IFTO
Flávio Bezerra Barros, Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPA
INEAF/UFPA
Publicado
2020-12-31