A perda e o luto em tempos de Pandemia: reflexões a partir da Arqueologia da Morte

  • Danilo Vicensotto Bernardo Laboratório de Estudos em Antropologia Biológica, Bioarqueologia e Evolução Humana - LEAB Universidade Federal do Rio Grande - FURG danilobernardo@furg.br Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia - PPGAnt Universidade Federal de Pelotas - UFPel
  • Tatiana Ferreira de Almeida Hospital Israelita Albert Einstein
Palavras-chave: Coronavírus, SARS-CoV-2, Covid-19

Resumo

A Arqueologia se dedica ao estudo dos aspectos essenciais da humanidade através da história e é exposta às últimas expressões das autopercepções humanas sobre sua própria existência: a morte e os tratamentos funerários. No que pese a inevitabilidade da morte, os desencadeamentos deste evento variam ao longo do tempo e entre as diferentes tradições, culturas, crenças e religiões, sem, no entanto, se desvincular de um arcabouço comum, envolvendo a materialização do comportamento social, econômico, tecnológico e religioso que reflete valores e contextos de determinada sociedade, traduzindo, assim, os aspectos fundamentais de como se vive, se pensa e se transforma em termos sociais. Considerando a situação de pandemia causada pela SARS-CoV-2, apresentamos, aqui, uma breve caracterização da situação, e, sob uma ótica comparativa, analisamos a incidência de casos de óbitos relacionados à doença no Brasil, interpretando os significados de nossos achados sob uma abordagem teórica utilizada em estudos de Arqueologia da Morte. Nossos dados, sugerem que, de maneira preocupante, ocorre uma relativa naturalização das mortes relacionadas à Covid-19, nos impondo a reflexão de que, aparentemente, algumas mortes, em determinadas situações, signifiquem, socialmente, mais do que outras no que pese a quantidade de vidas envolvidas nesses eventos.
Publicado
2020-05-30
Seção
A arqueologia em tempos de pandemia: inquietações coletivas