TRADUÇÃO: Os Warao do delta do Orinoco: uma cultura de palafiteiros
Resumo
A descoberta de aldeias de palafitas pré-históricas chamadas de estearias na região estuarina do estado do Maranhão, no leste do Brasil, serve de exemplo de comparação etnográfica com as aldeias de palafitas na América do Sul. Os Warao, indígenas das terras baixas do delta do Orinoco, são povos cuja adaptação cultural às várzeas das florestas tropicais inclui casas construídas sobre estacas sobre a água, além de outras estruturas. Neste artigo, apresentaremos as características da cultura Warao, registradas ao longo de mais de quatrocentos anos. Embora sua cultura às vezes seja representada como uma rara sobrevivência dos primeiros grupos de caçadores-coletores do Holoceno, as evidências corroboram para grupos de uma variação regional das maiores culturas da floresta tropical da Amazônia. Embora a aculturação forçada de missionários, fazendeiros, proprietários de serrarias e agricultores no final do século 20 tenha integrado alguns Warao às nações ocidentais, a maioria deles ainda vive em áreas úmidas de florestas ribeirinhas ou de marés, como registraram os primeiros exploradores europeus. A sociedade tradicional Warao ainda é organizada em famílias matrilocais lideradas por uma mulher mais velha, suas filhas, cônjuges e filhos. Os Warao ainda vivem a partir da exploração sazonal de frutos, amido de palmeiras cultivadas, domesticadas e selvagens, ervas, cultivo de milho e pesca. A caça da maioria dos grandes animais é tabu, mas espécies menores são consumidas e patos são domesticados. As estruturas materiais de seus assentamentos, geralmente feita de colmo, são distribuídas e construídas em plataformas elevadas sobre estacas ou no solo em diques aluviais mais altos. Pequenos edifícios rituais nos assentamentos incluem uma casa de isolamento ritual para mulheres a oeste, e, a leste, um santuário com ídolos de pedra, instrumentos rituais e um armazém para estocagem de amido de palmeiras para festivais sazonais. A rica ideologia religiosa dos Warao concentra-se nos espíritos ancestrais e deidades astronômicas de um cosmos mítico estabelecido pela primeira xamã, uma divindade chamada "Mãe da Floresta". Seu alter ego, a serpente da água, está representada nas canoas que os Warao se especializaram em fazer. Um festival anual liderado por mulheres e oficializado por sacerdotes-xamãs de ambos os sexos celebra a colheita de amido do buriti com canto, dança, festa e confecção de artesanato especial. Reconhecidos como navegadores e remadores infatigáveis, os Warao sempre comercializaram ativamente seus inúmeros produtos, desde canoas, remos, redes e cestas a pássaros domésticos, cães de caça e peixes defumados.Copyright (c) 2022 Tessituras: Revista de Antropologia e Arqueologia
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
A revista Tessituras não cobra nenhuma para a submissão e publicação dos textos.
Ao realizar a submissão do texto o(s) autor(es) está (ão) concordando automaticamente com a publicação do mesmo, caso obtenha pareceres positivos dos avaliadores. Com a publicação o(s) autor(es) estará(ão) automaticamente cedendo os direitos autorais do texto para a Revista Tessituras. Os autores somente poderão publicar o mesmo texto em outras obras, veículos e/ou periódicos mediante autorização formal da Comissão Editorial Executiva da Revista Tessituras. Tal procedimento faz-se necessário porque a Revista Tessituras tem o compromisso de publlicar apenas textos originais.
A autoria do trabalho deve ser restrita àqueles que fizeram uma contribuição significativa para a concepção, projeto, execução ou interpretação do estudo relatado. Todos aqueles que fizeram contribuições significativas devem ser listados como coautores. Pessoas que participaram em certos aspectos do projeto de pesquisa devem ser listadas como colaboradores. O autor principal deve garantir que todos os coautores apropriados estejam incluídos no artigo. O autor principal também deve certificar-se que todos os coautores viram e aprovaram a versão final do manuscrito e que concordaram com sua submissão para publicação.
Os textos publicados na revista Tessituras possuem licença CREATIVE COMMONS de atribuição BY. Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem ou criem obras derivadas, mesmo que para uso com fins comerciais, contanto que seja dado crédito pela criação original. Esta é a licença menos restritiva de todas as oferecidas, em termos de quais usos outras pessoas podem fazer de sua obra.