A fabricação artesanal dos tambores "piano", "chico" e "repique" e sua importância para a construção de conhecimentos sobre a tradição musical e cultural do candombe afro-uruguaio

Palavras-chave: candombe, tambores afro-uruguaios, prática artesanal.

Resumo

O artigo apresenta os processos artesanais de fabricação dos tambores piano, chico e repique como partes importantes do sistema de conhecimentos que permeia a tradição musical e cultural do candombe afro-uruguaio. Inicialmente, o texto apresenta as propriedades materiais que compõem a estrutura dos tambores, das quais dependem o adequado entendimento da sua expressão sonora. Posteriormente, o texto destaca as técnicas tradicionais de feitura dos tambores, desde a escolha da madeira e do couro, passando pelas formas tradicionais de dar vida aos instrumentos, incluindo a troca dos couros e os reparos permanentes. Por fim, o artigo mostra que o conhecimento das técnicas de fabricação e manutenção dos tambores uruguaios, bem como as formas de lidar com suas propriedades materiais enquanto organismos vivos (INGOLD, 2015), possibilita a construção de afinidades entre pessoas e tambores. Essa afinidade se traduz na categoria analítica própria da cosmologia candombera, a “pessoa-tambor” (RAMÍREZ, 2008; FERREIRA, 1999; PLASTINO, 2013; MOURA, 2021). O entendimento dessa relação é indispensável para que a prática e a difusão do candombe estejam sintonizadas com os modos de saber-fazer das comunidades afro-uruguaias.

Biografia do Autor

Lisandro Lucas de Lima Moura, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul Campus Bagé)
Doutor em Antropologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Professor de Sociologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul Campus Bagé). Integra o Grupo de Pesquisa Antropoéticas (CNPq), vinculado ao Laboratório de Ensino, Pesquisa e Produção em Antropologia da Imagem e do Som (LEPPAIS-PPGAnt-UFPel). Possui Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Licenciatura e Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Claudia Turra Magni, Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Graduada em História (1983-1987), com mestrado em Antropologia Social (1983-1994) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutorado em Antropologia Social e Etnologia pela Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS, 1997-2002). Professora (associada 3) do Depto. de Antropologia e Arqueologia (Bacharelado e Pós-Graduação em Antropologia) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), onde coordena o Laboratório de Ensino, Pesquisa e Produção em Antropologia da Imagem e do Som (LEPPAIS/ICH/UFPel), desde 2008, e o coletivo Antropoéticas (Grupo de Pesquisa do CNPq). Pesquisadora associada ao Institut d'Ethnologie Méditerranéenne, Européenne et Comparative (IDEMEC) vinculado à Université Aix-Marseille/AMU e ao Centre National de Recherche Scientifique/CNRS, onde realizou pós-doutorado (2019-2020).
Publicado
2022-12-19
Seção
Dossiê "Artesanatos e Territórios"