A Nova Economia Política do corpo: poder, saúde e cuidado na era da governamentalidade neoliberal

  • Pablo Ornelas Rosa
  • Marcelo Puzio
Palavras-chave: Biopolítica, Governamentalidade Neoliberal, Saúde, Medicina, Corpo

Resumo

Esse artigo procura analisar como as tecnologias de poder que emergiram a partir da biopolítica se caracterizaram por promover a centralização da vida, algo que Foucault também denominou de somatocracia, ou seja, um tipo de operação que tinha como finalidade a intervenção e a administração não de territorialidades, mas a observação, intervenção e cuidado sobre o indivíduo, convertendo o corpo em objeto de um tipo de controle que ultrapassa as fronteiras do Estado na medida em que também atua por meio de governamentalidades. Desse modo, foi a partir da passagem das sociedades disciplinares para as sociedades de segurança e de normalização que a saúde pública acabou se tornando um dos principais campos de ação e efeitos da governamentalidade moderna, que como veremos no artigo tem como marco simbólico para Foucault o Plano Beveridge, que foi iniciado na Inglaterra na década de 1940, servindo de modelo à organização da saúde coletiva, em um momento posterior a Segunda Guerra Mundial. Assim, os ideais de bemestar e saúde, passaram a se tornarem slogans de uma nova dinâmica das relações de poder entre o Estado e a sociedade, onde a medicina interviria sobre os indivíduos e a população não fundamentada em leis especificamente, mas em normas sobre o corpo. O objetivo deste artigo é mostrar como as tecnologias de poder que incidem sobre a vida passaram a complexificar suas atuações a partir do século XX, indo do trabalho ao lazer, da doença à saúde, procurando o gerenciamento da população e dos indivíduos simbioticamente.

Biografia do Autor

Pablo Ornelas Rosa
Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Atualmente desenvolve pesquisa de Pós-Doutorado junto ao PPG em Sociologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e é professor dos Programas de Mestrado em Sociologia Política e em Segurança Pública da Universidade Vila Velha (UVV).
Marcelo Puzio
Mestre em Ciências Sociais Aplicadas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Publicado
2014-01-27
Edição
Seção
Artigos