Fazendo gênero no candomblé: entre o feminismo internacional e a retórica salvacionista. Por um enunciado epistemológico desde os terreiros.
Resumo
Inspirado no conceito de ‘colonialidade do poder’, tal como proposto por Quijano, viso neste ensaio refletir sobre a relação entre o ‘feminismo’ e o universo candomblecista. Através de um resgate de fragmentos da história dos terreiros no Brasil, questiono o quanto poderá ser a leitura do candomblé enquanto um ‘matriarcado’ uma imposição da agenda feminista acadêmica. E, assim o sendo, uma relação regulatória entre a academia e o ‘mundo das práticas’ que, em última análise, acaba por suprimir uma alternativa ‘feminista negra candomblecista’ em detrimento de um modelo internacionalista de ‘ser-se feminista’. Abrindo mão do universo estritamente ritualístico desta religião de terreiro, apoio-me nos debates feministas e pós-coloniais contra o eurocentrismo para reforçar, claramente, a necessidade de promover-se uma reflexão epistemológica em prol de um feminismo negro situado: localizado e enunciado filosoficamente desde os terreiros. Palavras-chave: Candomblé; Descolonialidade; Pós-colonialismo; Feminismo; SubjetivaçãoReferências
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