MULHERES DO ÀSE: O RITUAL DO BAIÃO DE PRINCESAS DA CASA FANTI ASHANTI EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO

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Luis Félix de Barros Vieira Rocha
https://orcid.org/0000-0002-9309-3175
Georgina Helena Lima Nunes

Resumo

Esse artigo tem como objetivo fazer uma breve discussão sobre a presença feminina nas religiões afro-brasileira, em especial no Baião de Princesas, ritual ligado à linha da Cura e Pajelança realizada na Casa Fanti Ashanti em São Luis do Maranhão. No Baião de Princesas somente as mulheres incorporam entidades espirituais femininas (rainhas e princesas). A participação feminina é ativa no processo ritualístico realizados nos terreiros, diferentes de muitas religiões ocidentais na qual a mulher não possui um papel de destaque; nas religiões de matriz africana, essas mulheres são a maioria em cargos sagrados. Buscou-se, também, fazer uma breve discussão acerca da intolerância religiosa e racismo que ocorre, com frequência, como um violento ataque às religiões de matriz africana. A marginalização das práticas religiosas afro-brasileiras é fundamentada pelo poder de um epistemícidio que está enraizado em nossa sociedade, na qual é utilizado a repressão, a violência como fator da desumanização. Nessa perspectiva, homens e mulheres das religiões afro-brasileiras são desmoralizados/as e discriminados, todavia, ainda assim, emerge dessas práticas saberes resistentes que produzem epistemologias cujas racionalidades se constituem projetos de sociedades mais humanas, por isso, mais plurais. Assim é de suma importância disseminar o papel das mulheres nas religiões de matriz africana, pois é fundamental seu reconhecimento visto que há séculos vem sofrendo perseguições em nossa sociedade. Palavras-Chave: Baião de Princesas; Mulheres de Àse; Religião afro-brasileira. 

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Como Citar
de Barros Vieira Rocha, L. F., & Lima Nunes, G. H. (2024). MULHERES DO ÀSE: O RITUAL DO BAIÃO DE PRINCESAS DA CASA FANTI ASHANTI EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO. D’GENERUS: Revista De Estudos Feministas E De Gênero, 1(1), 165-187. Recuperado de https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/dgenerus/article/view/23240
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Luis Félix de Barros Vieira Rocha, Universidade Federal de Pelotas/ Programa de Pós-Graduação em Educação

Doutorando em Educação pelo Programade Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas/RS, Mestre em Educação-Gestao de Ensino da Educação Básica pelo Programa de Pós-Graduação em Gestão de Ensino da Educação Básica da Universidade Fderal do Maranhão. Possui as seguintes especialziações: Gênero e Diversidade na Escola/ UFMA, Politica de Igualdade Racial no Ambiente Escolar/ UFMA, Educação Especial/Inclusiva / UEMA, Arte, Mídia e Educação/ IFMA, Gestão Educacional e Escolar/ UEMA. Possui as seguintes graduações: Educação Artística-Habilitação Artes Plásticas/ UFMA, Pedagogia/ UNINTER  e Comunicação Social-Jornalismo/ UFMA. É pesquisador da temática sobre religião de matriz africana, formação de professores, relações étnico-raciais, gênero e sexualidade, educação especial, arte-educação, cultura popular maranhense e educação museal. É membro do Grupo de Estudo e Pesquisa Investigações Pedagógicas Afro-brasileiro (GIPEAB) do Departamento de Educação I (UFMA), do Grupo de Pesquisa Movimentos Sociais e Educação Popular (MovSE) vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas e do Observatório Interinstitucional das Ações Afirmativas das Instituições Federais de Ensino/Sul/RS (ObservaaSul) e líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Arte, Cultura e Educação das Relações Étnico-Raciais vinculado ao Centro de Ensino Professor Antenor Bogéa (Matões do Norte/MA).

Georgina Helena Lima Nunes, Universidade Federal de Pelotas/ Faculdade de Educação - FAE

Possui graduação em Educação Física e Técnico em Desporto pela Universidade Federal de Pelotas, Especialização em Educação Psicomotora (URCAMP), Especialização em Educação UFPel, Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Pelotas, Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Estágio Pós-Doutoral em Educação na Universidade do Oeste do Paraná (UNOESTE). Atualmente é professora Associada da Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Educação, tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Rural, Educação das Relações Raciais, Educação Quilombola e Gênero, Políticas Afirmativas no Ensino Superior. Lider do Grupo de Pesquisa Movimentos Sociais e Educação (MovSE), coordenadora do Observatório Interinstitucional em Ações Afirmativas.

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