Justiça ambiental: uma forma de revolução passiva da sociedade civil contra a hegemonia do sistema capitalista

  • Ana Keuly Luz Bezerra Instituto Federal do Piauí
Palavras-chave: Sociedade civil. Capitalismo. Revolução passiva. Desenvolvimento. Justiça ambiental.

Resumo

O presente artigo tem por objetivo discutir a noção de sociedade civil, hegemonia e revolução passiva nos pensamentos de Antônio Gramsci e sua relação com a necessidade de implantação da justiça ambiental. O conceito de sociedade civil na visão gramsciana aparece como o conjunto de organismos designados vulgarmente como “privados”, formada pelas organizações responsáveis tanto pela elaboração quanto pela difusão das ideologias, compreendendo assim o sistema escolar, as igrejas, os sindicatos, os partidos políticos, as organizações profissionais, a organização material da cultura, enquanto que o conceito de hegemonia surge no seio da tradição marxista como resposta às novas configurações sociais. Apesar de ter suas origens na social-democracia russa e de estar presente no pensamento de Lênin, esse conceito foi desenvolvido de modo mais elaborado por Gramsci. O conceito de “revolução passiva”, “revolução-restauração” ou “transformismo” é categoria fundamental que Gramsci utiliza para compreender a formação do Estado burguês moderno na Itália (partindo dos fatos do Risorgimento, que culminaram na unificação nacional), para definir os traços fundamentais da passagem do capitalismo italiano para a etapa de capitalismo monopolista e para apontar o fascismo como forma de “revolução passiva”. É a partir desse entendimento que utilizaremos o conceito de “revolução passiva” para discutir a praticização dos princípios de justiça ambiental, haja vista que este conceito se aplica a diversos episódios da história, bem como de um modo mais geral, a transição do modelo industrial de desenvolvimento capitalista ao sistema capitalista de desenvolvimento sustentável. Consiste-se em uma revisão bibliográfica a partir da obra de Gramsci, onde pode-se concluir que os movimentos que clamam por justiça ambiental no Brasil e no mundo, mitigado pela sociedade civil através de um processo de revolução passiva, fundamentado na inserção da dignidade humana e do meio ambiente como objetivos fundamentais do Estado, propõem um novo modelo de desenvolvimento sustentável, mas sobretudo equitativo.

Biografia do Autor

Ana Keuly Luz Bezerra, Instituto Federal do Piauí
Doutoranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Professora do Instituto Federal do Piauí do Eixo de Gestão e Negócios.
Publicado
2015-03-17
Edição
Seção
Artigos