COMIDAS DE RAIZ: a retomada da cultura quilombola no Seridó (Brasil)

  • Julie Antoinette Cavignac
  • Maria Isabel Dantas
  • Danycelle Pereira da Silva
Palavras-chave: saberes e práticas alimentares, patrimonialização, Seridó Potiguar.

Resumo

No Seridó potiguar, mulheres são conhecidas por suas habilidades culinárias e são contratadas para cozinhar e preparar os doces consumidos em ocasiões especiais e festivas. Ao cozinhar, as mestras expressam sua marca e identidade, trazendo o conhecimento de seus ancestrais. Nas últimas décadas e apesar das transformações ocorridas na zona rural, algumas ¨cozinheiras de festas¨ se profissionalizaram e o sertão conheceu um processo de patrimonialização: os antigos locais de produção (sítios, fazendas, fábricas de algodão), as manifestações culturais e as festas religiosas atraem uma população urbana à procura das suas origens culturais e de uma cultura “autêntica”. Assim, a comida e as cozinheiras continuam ocupando um lugar central na redescoberta de uma ¨cultura de raiz¨ e de um passado colonial. Propomos aqui entender como o passado se revela nas práticas alimentares e como acontecem os processos de patrimonialização da cultura sertaneja, a partir de exemplos etnográficos coletados durante a pesquisa sobre as práticas alimentares e as cozinheiras negras no Seridó potiguar.
Publicado
2015-12-29