ALÉM DO PRINCÍPIO DE INCÊNDIO: A MORTA, DE OSWALD DE ANDRADE

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Claudia Luiza Caimi
Augusto Patzlaff

Resumo

O material disponível à consulta em texto ou imagem pertence à lista de artefatos permitidos pelo poder. São assombrosamente arbitrários e vulneráveis a ataques. A obliteração dos arquivos atinge o registro humano, mas também todas as contradições que ameaçam a sustentação do poder e o descrédito da crença oficial, como diz Susan Buck-Morss, “o que sobrevive nos arquivos faz isso por acaso. O desaparecimento é a regra”. Explodir o continuum, diz Benjamin, propõe uma violência militante por “metáforas terroristas” que perturbem a instituição histórica dominante, possibilitando um resgate da memória distante das convenções oficiais fornecidas pelo poder dos guardiões nacionais. “Flamba tudo nas mãos heroicas do poeta” (2005, p. 237), escreve Oswald na peça A morta quando o Poeta inicia o incêndio. Os mortos presentes e incendiados do País da Anestesia pertencem ao hall da história. Assim, o receio duvidoso em como prestar testemunho à verdade com artefatos transitórios elencado por Susan Buck-Morss encontra uma brecha para diálogo com o texto de Oswald de Andrade, especialmente nesse caso, em A morta: onde o método antropofágico perpassa o passado ressignificando a sua existência. Faz uso da pólvora, do fogo e da fogueira, dinamita a tradição regrada e instituída no país da gramática e em cemitérios mascarados por um aparente abandono.Palavras-chave: Antropofagia; incêndio; memória; instituição; A morta.

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Como Citar
Caimi, C. L., & Patzlaff, A. (2019). ALÉM DO PRINCÍPIO DE INCÊNDIO: A MORTA, DE OSWALD DE ANDRADE. Caderno De Letras, (34), 273-296. https://doi.org/10.15210/cdl.v0i34.16979
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Claudia Luiza Caimi, Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS

Claudia Luiza Caimi, mestrado e doutorado em  Letras - Teoria literária- pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC/RS. Professora Associada do Departamento de Linguística. Filologia e Teoria Literária, do Instituto de Letras – UFRGS. Tem publicações na área de Letras, com ênfase em Teoria da Literatura, atuando principalmente nos seguintes temas: Teoria da Literatura- conhecimento -  representação – Walter Benjamin – narrativa.

Augusto Patzlaff, Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS

Discente do Curso de Letras- Portugues-Francês-, no Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS. Pesquisador Iniciação Científica- BIC/UFRGS