Canoa de um Pau Só, Patrimônio Cultural do Pantanal
Modo de Fazer, Processo de Musealização e Direito de Navegar Sem Medo
Resumo
Propomos reflexões sobre a relação entre meio ambiente, território e patrimônio cultural de povos indígenas e pescadores tradicionais do Pantanal brasileiro, por meio da análise do modo de fazer a “canoa de um pau só”. A compreensão dessa relação intrínseca será fundamental para refletir sobre a salvaguarda desse bem cultural e o processo de musealização. A “canoa de um pau só” é o símbolo maior da pesca tradicional, agregando saberes e fazeres representados em diversos objetos e técnicas. Esse tipo de canoa apresenta-se como alternativa para a pesca dentro da mata em período de cheias do Pantanal, e vincula sua produção e uso à crise climática. A embarcação é o principal meio de transporte para os Guató, retratados em fontes escritas como os “índios canoeiros” do Pantanal, e objeto de desejo para pescadores artesanais. Em termos metodológicos, o levantamento sobre a “canoa de um pau só” tomou como base os dados coletados em entrevistas com detentores do saber e o termo de doação de um exemplar desse bem, da Colônia Z-2 de pescadores para o “Museu Histórico Municipal de Cáceres, Emilia Darci de Souza Cuyabano”.