Os espíritos e as instituições

os Avá-Guarani e a coleção Ygá-Miri no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR

Resumo

Museus são espaços privilegiados para a prática de ações decoloniais e, nesse sentido, os povos indígenas atuam como um dos principais agentes desse movimento. O que se discute nesse artigo é uma ação colaborativa desenvolvida em parceria entre comunidades Avá-Guarani do oeste paranaense, o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do Paraná(MAE-UFPR) e a Superintendência do IPHAN no Paraná. As questões aqui propostas partem de um evento específico que foi a transferência de uma coleção, chamada Ygá-Miri, composta principalmente por dois fragmentos de canoas guarani, do Museu Paranaense para o MAE-UFPR. Ao longo do artigo são apresentadas as diferentes ações, os desafios, trocas e diálogos necessários para que o traslado fosse bem-sucedido, o que incluiu uma cerimônia xamânica realizada pelos Avá-Guarani. Partindo dessa ação colaborativa, procuramos discutir em que extensão a participação indígena, no caso específico dessa ação no MAE-UFPR, tem o potencial de reconfigurar e de questionar as práticas institucionais dos museus, muitas delas permeadas pela colonialidade.

Biografia do Autor

Bruna Marina Portela, Universidade Federal do Paraná (MAE)
Possui graduação em História pela Universidade Tuiuti do Paraná (2004) e é Mestre (2007) e Doutora (2014) em História pela Universidade Federal do Paraná. Desde 2012 é historiadora do MAE-UFPR, sendo atualmente diretora e responsável pelo Arquivo Histórico e Unidade de Cultura Popular da mesma instituição. Desenvolve atividades de organização de acervo museológico e arquivístico, pesquisa e curadoria de exposições. É vice-líder do Grupo de Pesquisa Cnpq Laboratório de Pesquisas Interdisciplinares do MAE-UFPR e membro titular do Conselho Estadual de Cultura do Paraná (biênio 2023-2025). Atuou também como professora colaboradora no Mestrado Profissional em Ensino de História da UFPR entre 2021 e 2022. Além disso, tem experiência na área de organização e descrição de acervos, principalmente de documentação dos séculos XVIII e XIX. Tem também experiência em elaboração de material didático para o Ensino Fundamental. Atua principalmente nos seguintes temas: história social de africanos, afrodescendentes e indígenas escravizados e libertos nos séculos XVIII e XIX, História do Paraná, Museus, Cultura Popular.
Renata Simone Domit, Universidade Federal do Paraná (MAE)
Possui graduação em História pela Universidade Federal do Paraná (2004) e especialização em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007). Atuou na área de conservação e restauro autonomamente por 13 anos, realizando trabalhos de restauro, projetos e oficinas. Em 2017 ingressou no serviço público federal e foi servidora no Instituto Federal de Alagoas (2017 à 2019), atuando na Coordenação de Assistência Estudantil, com programas para a permanência e êxito dos alunos, no Setor Pedagógico, com ênfase nos processos de Ensino-Aprendizagem e coordenando o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas do Campus Murici. Atualmente é servidora da Universidade Federal do Paraná lotada no Museu de Arqueologia e Etnologia, na Seção de Museologia, Ações Educativas e Difusão Cultural e atua na conservação dos bens culturais do museu
Sady Pereira do Carmo Júnior, Universidade Federal do Paraná (MAE)
Graduado em Arqueologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2009), com mestrado em Antropologia pela Universidade Federal do Paraná (2015) e doutorado em Antropologia, com ênfase em Arqueologia, pela Universidade Federal de Pelotas (2022). Meus estudos concentram-se em caçadores-coletores, tecnologia, comportamentos técnicos e análise de acervos.Desde 2011, atuo como arqueólogo na Universidade Federal do Paraná, onde sou responsável pela unidade de arqueologia. Minhas responsabilidades incluem a curadoria de acervos, organização de exposições e gestão de acervos arqueológicos.
Publicado
2024-07-29