Memórias do “sonho desagradável”
Escravidão atlântica e musealização a partir da região do Valongo
Resumo
O Rio de Janeiro foi o maior porto escravagista das Américas. Esta afirmativa ganhou maiores proporções a nível local e global, a partir do reconhecimento do Cais do Valongo como Patrimônio Mundial em 2017. Em torno do Valongo, um antigo complexo escravista, diferentes atores sociais vinham exigindo a criação de um museu público, de modo a narrar a presença negra na história do Cais, do Brasil e do mundo atlântico. Este artigo analisa tais demandas por musealização, visando identificar enquadramentos de narrativas de dor e sofrimento associadas a este lugar de memória sensível e utilizados em releituras do passado escravista desenvolvidas por diferentes agentes na cena pública. Para tanto, tem como foco de análise textos publicados em redes sociais virtuais e na imprensa, em janeiro de 2017, acerca da intenção da municipalidade de criar um museu sobre a escravização atlântica. Considera, por fim, que a complexidade da construção de narrativas públicas de dor e sofrimento transita entre o não reconhecimento social da violência política dos crimes da escravidão e do racismo, a dificuldade de suplantar memórias coloniais de desumanização e as lutas políticas históricas pela afirmação de resistências negras. Palavras-chave: Musealização; Museu da Escravidão e da Liberdade (MEL), Cais do Valongo.
Publicado
2024-07-28
Seção
Dossiê
Copyright (c) 2024 Revista Memória em Rede
A revista se reserva o direito de efetuar nos originais alterações de ordem normativa,ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando,porém, o estilo dos autores. As provas finais não serão enviadas aos autores.O Conselho Editorial não se responsabiliza por opiniões emitidas pelos autores dos trabalhos publicados. Os trabalhos aceitos para publicação passam a ser de propriedade da Revista Memória em Rede, não podendo, o autor, reclamar, em qualquer época ou sob qualquer pretexto,remuneração ou indenização pela publicação. A reimpressão, total ou parcial, dos trabalhos publicados é sujeita à autorização expressa do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural.OBS. Cabe(m) ao(s) autor(es) as devidas autorizações de uso de imagens com direito autoral protegido (Lei nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998), que se realizará com o aceite no ato do preenchimento da ficha de inscrição via web.