Toponímias indígenas na cidade de São Paulo
uma reflexão acerca da memória e do esquecimento, a partir de Daniel Munduruku
Resumo
O livro “Crônicas de São Paulo: um olhar indígena”, de Daniel Munduruku, analisa como lugares na capital paulista preservam nomes indígenas não compreendidos por quem ocupa seus espaços. Para cada localidade, Munduruku apresenta os significados dos nomes indígenas, contribuindo para a reflexão acerca da participação das comunidades indígenas na construção da cidade e de como esses significados tiveram os seus sentidos preservados ou esvaziados, pela transformação urbana. Neste artigo, busca-se investigar como essas nomenclaturas, compreendidas como índices de referência patrimonial, informam da memória e do esquecimento das culturas indígenas, evidenciando, na geografia territorial, os lugares de memória, permeados por disputas e violências. Como metodologia, recorre-se a uma bibliografia transdisciplinar literária, histórica e jurídica. Conclui-se que o protagonismo indígena acerca das narrativas de seu patrimônio cultural contribui para o registro legítimo de memórias e para inibir o esquecimento de narrativas marginais perante a história hegemônica da ocupação de São Paulo.