REFLEXÕES INICIAIS SOBRE OS DISCURSOS DO PRESIDENTE JAIR BOLSONARO ACERCA DO INDÍGENA: A RELUTÂNCIA DE UM ARQUIVO COLONIAL

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Jany Baena Fernandez
https://orcid.org/0000-0003-3692-8954
Diego Almeida Oliveira
https://orcid.org/0000-0003-3708-9195

Resumo

Este artigo trata dos discursos proferidos pelo Presidente Jair Bolsonaro a respeito do indígena. Tem como objetivo analisar recortes discursivos, na perspectiva da Análise do Discurso, dos estudos decoloniais, em consonância com o método arqueogenealógico de Foucault (1989, 1990, 1996, 2000, 2008). Analisar esses discursos e os diferentes efeitos de sentido que neles emergem, permitem compreender os conceitos cristalizados sobre a identidade do outro e de si que os sujeitos carregam. Tais concepções foram originadas de uma construção histórica em que se convencionou e naturalizou uma estrutura hierárquica que engloba culturas, povos, religiões, línguas/linguagens. Sob essa ótica, buscamos identificar as relações de poder, formações discursivas, inter/intradiscursos que apontam para o processo de exclusão/marginalização do indígena, bem como para suas condições de existência/resistência, abrindo caminhos para reflexões e desviando a trajetória do pensamento para uma perspectiva horizontal, heterogênea e que considera a contribuição da diversidade de saberes nas relações sociais. 

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
Fernandez, J. B., & Oliveira, D. A. (2022). REFLEXÕES INICIAIS SOBRE OS DISCURSOS DO PRESIDENTE JAIR BOLSONARO ACERCA DO INDÍGENA: A RELUTÂNCIA DE UM ARQUIVO COLONIAL. Caderno De Letras, (41), 231-242. https://doi.org/10.15210/cdl.v0i41.21494
Seção
Dossiê
Biografia do Autor

Jany Baena Fernandez, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Aluna do curso de doutorado em Estudos de Linguagens da UFMS (ingresso em 1/2020) e professora formadora na Divisão de Avaliação da Secretaria Municipal de Campo Grande (MS).

Diego Almeida Oliveira, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Doutorando em estudos de Linguagens pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens da UFMS.

Referências

ANZALDUÁ, G. Como domar uma língua selvagem. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Difusão da língua portuguesa, n. 39, pp. 297-309, 2009.
BOAVENTURA, S. S. Epistemologias do Sul. Entrevista com Boaventura de Sousa Santos, por Cleyton Andrade. 28 de out. 2020. Disponível em: https://www.ebp.org.br/epistemologias-do-sul/. Acesso em: 20 jul. 2021.
BOAVENTURA, S. S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: BOAVENTURA, S. S.; MENESES, M. P. (orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009.
BOAVENTURA, S. S.; MENESES, M. P. (orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009.
DUSSEL, E. Meditações anti-cartesianas sobre a origem do anti-discurso filosófico da Modernidade. In: BOAVENTURA, S. S.; MENESES, M. P. (orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009.
FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3 ed. Curitiba: Positivo, 2004.
FOUCAULT, M . Microfísica do poder. 8 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989.
FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro, RJ: Graal, 1990.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir. 23 ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
GREGOLIN, Maria do Rosário. Discurso e mídia: a cultura do espetáculo. São Paulo: Claraluz, 2003.
GROSFOGUEL, R. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. In: BOAVENTURA, S. S.; MENESES, M. P. (orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009.
GUERRA, V. M. L.; MOREIRA, I. C. (Des)caminhos da legalidade escriturária e os ecos (re)significantes da colonização: um olhar discursivo-desconstrutivo a respeito da Lei 11.645/08. Cadernos de estudos culturais, v. 2, pp. 159-176, 2019.
MENEZES DE SOUZA, L. M. T. Cultura, língua e emergência dialógica. R. Let. & Let. Uberlândia-MG, v.26, n.2, pp. 289-306, jul.|dez. 2010.
MIDIAMAX. ‘Índio é pobre coitado e vive em zoológicos milionários’, diz Bolsonaro. Disponível em https://midiamax.uol.com.br/politica/2015/indio-e-pobre-coitado-e-vive-em-zoologicos-milionarios-diz-bolsonaro. Acesso em 10 jul. 2021.
MIGNOLO, W. Desobediência Epistêmica, Pensamento Independente e Liberdade Decolonial. Revista X, v. 16, n. 1, pp. 24-53, 2021.
PÊCHEUX, M. Análise automática do discurso (AAD-69). In: GADET, F. e HAK, T. (orgs.) Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas, SP: UNICAMP, 1990.
QUIJANO, A. Colonialidad del poder, cultura y conocimiento en América Latina. Dispositio, vol. 24, n. 51, 1999, pp. 137–148. JSTOR. Disponível em: www.jstor.org/stable/41491587. Acesso em: 20 jul. 2021.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. Buenos Aires: CLACSO, 2005.
ORLANDI, E. P. Discurso em análise: sujeito, sentido, ideologia. Campinas: Pontes, 2012a.
ORLANDI, E. P. Discurso e leitura. 9 ed. São Paulo: Cortez; Campinas: Editora da Unicamp, 2012b.
ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 12 ed. Campinas: Pontes, 2015.
PEIXOTO, M. Línguas indígenas correm risco de desaparecer. Postado em 15/05/2016. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2016/05/15/interna_tecnologia,762725/linguas-indigenas-correm-risco-de-desaparecer.shtml. Acesso em: 20 jul. 2021.
UOL. "Índio tá evoluindo, cada vez mais é ser humano igual a nós", diz Bolsonaro…. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/01/23/indio-ta-evoluindo-cada-vez-mais-e-ser-humano-igual-a-nos-diz-bolsonaro.htm /. Acesso em 10 jul. 2021.