O MITO, A PÁTRIA AMADA E O INIMIGO: LAMPEJOS FASCISTAS NO DISCURSO ELEITORAL DE 2018

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Cristiano Sandim Paschoal
http://orcid.org/0000-0002-1638-4120

Resumo

Considerando o recrudescimento de valores intolerantes no espectro sociopolítico do Brasil contemporâneo, o presente artigo tem como objetivo investigar o modo pelo qual a axiologia fascista do inimigo da pátria foi mobilizada pelo discurso da atual extrema direita brasileira nas eleições de 2018. Ancorando-se nos pressupostos teórico-metodológicos bakhtinianos, foram mobilizadas as noções de dialogismo, ideologia e enunciado concreto, tendo como objeto de escrutínio o último programa eleitoral projetado discursivamente pelo candidato representante da extrema direita, Jair Messias Bolsonaro. Visto que o enunciado, sob a ótica dialógico-discursiva, possui como inerência um magnetismo axiológico, durante o movimento analítico, observou-se que o projeto enunciativo do candidato atraiu para sua semântica os valores fascistas de heroísmo e passado mítico nacional, de modo a construir uma noção axiológica envergada de inimigo nacional.

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Como Citar
Paschoal, C. S. (2022). O MITO, A PÁTRIA AMADA E O INIMIGO: LAMPEJOS FASCISTAS NO DISCURSO ELEITORAL DE 2018. Caderno De Letras, (41), 129-148. https://doi.org/10.15210/cdl.v0i41.21510
Seção
Dossiê
Biografia do Autor

Cristiano Sandim Paschoal, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Doutorando na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), na área de concentração Linguística/Teoria e Usos da Linguagem, atuando como bolsista vinculado ao CNPq. Mestre em Letras/Linguística pela mesma universidade. Especialista em Metodologia do ensino de Língua Portuguesa (Unyleya). Graduado em Letras Português, Espanhol e respectivas Literaturas pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Membro do Grupo de pesquisa Tessitura: Vozes em (Dis)curso (CNPq/PUCRS) e parecerista ad hoc na revista Bem legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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