DO MARAVILHOSO AO INSÓLITO: CISNE NEGRO COMO ADAPTAÇÃO VELADA DE CONTOS DE FADAS

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Cynthia Beatrice Costa
http://orcid.org/0000-0002-3063-0121
Fernanda Aquino Sylvestre

Resumo

A adaptação depende do repertório do receptor para ser apreendida como tal: não há como identificar uma adaptação a menos que se reconheça nela coincidências com obras anteriores. Quando há uma mudança de gênero entre a nova obra e aquelas das quais ela se apropria, o reconhecimento é ainda mais dificultado. Com apoio nas reflexões de Thomas Leitch e Linda Hutcheon, esse fenômeno – aqui chamado de “adaptação velada” – é ilustrado com o filme Cisne negro (2010), de Darren Aronofsky, que se constitui como um amálgama de contos maravilhosos, tal qual classificados por Vladimir Propp. Costurados em uma narrativa psicologicamente tensa, esses contos transmutam-se em insólito. Para examinar essa premissa, é empreendida uma revisão bibliográfica extensiva sobre a qual se baseia a análise do filme. A partir dela, são elencados seis recursos cinematográficos principais que mostram como se configura essa passagem de um gênero a outro, da estrutura narrativa aos temas adaptados para a pós-modernidade.

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Como Citar
Costa, C. B., & Sylvestre, F. A. (2023). DO MARAVILHOSO AO INSÓLITO: CISNE NEGRO COMO ADAPTAÇÃO VELADA DE CONTOS DE FADAS. Caderno De Letras, (45), 95-114. https://doi.org/10.15210/cdl.vi45.22380
Seção
Dossiê
Biografia do Autor

Cynthia Beatrice Costa, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Doutora em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora do Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e docente da pós-graduação em Estudos Literários da UFU e da pós-graduação em Estudos da Tradução da UFSC.

Fernanda Aquino Sylvestre, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Doutora em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista (UNESP – Araraquara). Professora do Instituto de Letras e Linguística da UFU e docente da pós-graduação em Estudos Literários da UFU.

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