DO COLONIAL AO CORPORAL: CONFIGURAÇÕES DO GÊNERO HORROR EM O ENIGMA DO OUTRO MUNDO

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Alexander Meireles da Silva

Resumo

Este artigo propõe a análise da noveleta “Who Goes There?” [“O enigma do outro mundo”] (1938), de John W. Campbell Jr. e a adaptação cinematográfica The Thing [O enigma do outro mundo] (1982), dirigido por John Carpenter e com roteiro de Bill Lancaster, através das lentes do horror colonial e do horror corporal. Como será demonstrado, o texto de 1938 e sua versão para o Cinema de 1982 têm como pontos em comum o fato de se alinharem às ansiedades dos anos de 1930 e 1980 ligados ao corpo e as possíveis ameaças contra a sua integridade. Em nossa leitura, o horror é uma forma cultural fóbica, no sentido de que ele visa produzir uma reação específica – medo e repugnância – baseada nos medos e ansiedades de momentos históricos específicos, que assumem disfarces metafóricos diversos. De fato, o estudo das duas obras evidencia que a noveleta de Campbell, no qual o temor da contaminação se mostra dominante, está alinhada com o discurso vigente na América do período entre guerras, marcado por atitudes e políticas xenofóbicas e racistas. Da mesma forma, o filme dos anos 80 captura os debates elencados pela contra-cultura e movimentos civis relacionados à discussão de construções sociais normativas do corpo.

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Como Citar
Meireles da Silva, A. (2023). DO COLONIAL AO CORPORAL: CONFIGURAÇÕES DO GÊNERO HORROR EM O ENIGMA DO OUTRO MUNDO. Caderno De Letras, (45), 11-24. Recuperado de https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/cadernodeletras/article/view/24964
Seção
Dossiê
Biografia do Autor

Alexander Meireles da Silva, Universidade Federal de Catalão (UFCAT)

Doutor em Literatura Comparada (UFRJ). Professor Associado do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Federal de Catalão (UFCAT).

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