A ORFANDADE DA ESCRITA: UM ESBOÇO DE DESTERRITORIALIZAÇÃO DO LETRAMENTO NA ESCOLA RURAL ANGOLANA

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Ezequiel Bernardo

Resumo

A prática de letramento e o ensino na escola rural angolana circunscreve-se na homogeneização das políticas educativas em prol do monolinguismo num contexto multilingue o que descambam na urbanização da escola, desterritorializando alunos com suas línguas, culturas, ideologias imbuídas numa cosmovisão que a política do letramento desacautela. O modus operandi da nacionalização do ensino de que o letramento é parte está assente no monolinguismo, monoculturalismo e monoideologia promovendo tensões e desafios. Desse modo, o artigo visa reflectir sobre as implicações da urbanização e a ideologia linguística e do letramento que permeia a escola rural em Angola. Embasado em pesquisa bibliográfica e qualitativa. Portanto, a escassez de políticas que legitimam a realidade linguístico-cultural do aluno leva o professor a deslegitimar o lugar de fala, a estrutura linguística, a prática e o conhecimento que este dispõe, interferindo a democratização do ensino para uma sociedade equitativa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
Bernardo, E. (2025). A ORFANDADE DA ESCRITA: UM ESBOÇO DE DESTERRITORIALIZAÇÃO DO LETRAMENTO NA ESCOLA RURAL ANGOLANA. Caderno De Letras, (49), 131-144. https://doi.org/10.15210/cdl.vi49.27471
Seção
Dossiê
Biografia do Autor

Ezequiel Bernardo, Universidade Federal de Santa Catarina ˗ UFSC

Doutorando em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina ˗ UFSC. Docente da Faculdade de Humanidade da Universidade Agostinho Neto. Professor de História da Língua Portuguesa, Sociologia da Linguagem e Seminário de Especialização. Email: bindumuka@hotmail.com.

Referências

Abdelhay, A.; Asfaha, Y. M.; Juffermans, K. African literacy ideologies, scripts and education. In: Juffermans, K.; Asfaha, Y. M.; Abdelhay, A. (org.). African Literacies: Ideologies, Scripts, Education. Cambridge Scholars Publishing, 2014.
Altinyelken, H. K. et al. The dilemmas and complexities of implementing language-ineducation policies: Perspectives from urban and rural contexts in Uganda. International Journal of Educational Development, v. 36, p. 90-99, 2014.
Angola. Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino. Luanda: Imprensa Nacional, 2020.
Arroyo, M. G. Fracasso-sucesso: o peso da cultura escolar e do ordenamento da educação básica. Revista Em Aberto, v. 11, n. 52, p. 46-53, 1992.
Barcelona. Declaração Universal dos Direitos Linguísticos. 1996. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/a_pdf/dec_universal_direitos_linguisticos.pdf. Acesso em: 10 jan. 2018.
Bagno, M. Dicionário Crítico de Sociolinguística. São Paulo: Parábola, 2017.
Bagno, M.; Stubbs, M.; Gagne, G. Língua Materna: letramento, variação e ensino, São Paulo: Parábola, 2002.
Bernardo, E. P. J. Poscolonialidade e lugares linguísticos (des)conexos no ensino em contexto rural angolano: (in)visibilidades em Tela. In: Conceição, M. C.; Chicuna, A. M. (ed.). Ensino da língua portuguesa: contextos e perspectivas. Lisboa: RILP, 2021.
Calundungo, S. Educação nas zonas rurais. In: Nguluve, A.; Paxe, I.; Fernandes, M. (org.). A lei de Bases do Sistema de Educação: debates e proposições. Luanda: Literacia, 2020.
Fagundes, T. B. O aluno e a sua escrita: a construção do sujeito real e a negação do sujeito real. In: XV Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, Painel “Políticas públicas de letramento, formação de professsores e inclusão sócio-cultural”. Belo Horizonte, MG, 2010, p. 1-32. Disponível em: https://senna.pro.br/wp/biblioteca-eletronica/acervo/. Acesso em: 12 fev. 2021.
Haesbaert, R. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Brasil: Bertrand, 2004. Disponível em: http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal10/Teoriaymetodo/Conceptuales/19.pdf. Acesso em 12 fev. 2021.
Hidalgo, K. R. da S. Fracasso escolar: uma violência simbólica na perspectiva sociológica de Bourdieu. UEPG Ciências Sociais Aplicadas, Ponta Grossa, v. 22, n. 2, p. 193-204, 2014.
Kleiman, A. Preciso “ensinar” o letramento?: Não basta ensinar a ler e escrever?. São Paulo: Campinas, 2005. Disponível em: https://oportuguesdobrasil.files.wordpress.com/2015/02/kleiman-nc3a3o-basta-ensinar-a-ler-e-escrever.pdf. Acesso em: 10 fev. 2021.
Krug, V. A. Prática de letramento no contexto familiar de uma comunidade da periferia de São Leopoldo. Universidade Federal Rio Grande do Sul/Faculdade de Educação, 2013. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/107928/000946125.pdf?sequence=1, acesso em 10 fev. 2021.
Moterani, N. G. O modelo ideológico de letramento e a concepção de escrita como trabalho: um paralelo. Revista Acta Scientiarum. Language and Culture, v. 35, n. 2, p. 135-141, 2013.
Ngaka, W.; Masaazi, M. Participatory literacy learning im African contexto: perspectives from the Ombaderuku Primary School im the Arua District, Uganda. Journal of Language andLiteracy Education, v. 11, n. 1, p. 88-108, 2015.
Paxe, I. Angola 1975-2020: 45 anos de peregrinação no direito à educação. In: Cruz, E. C. V; Manuel, C. M.; Quixina, Y. (org.). Angola 45 anos: o político, o social, o económico e o cultural entre balanços e perspectivas. Luanda: Mayamba, 2021.
Ribeiro, D. Educação como prioridade. São Paulo: Global, 2018.
Santos, M. S. A oferta do letramento e a garantia de futuros sociais: análise das políticas de letramento da UNESCO e de suas ideologias linguísticas. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 56, n. 2, p. 641–667, 2017.
Severo, C. G. et al. Português e línguas bantu na educação angolana: da diversidade como “problema”. Revista Línguas e Instrumentos Linguísticos, n. 43, p. 290-307, 2019.