TEXTUALIDADE DIFERIDA EM NARRATIVA EM LIBRAS PARA CRIANÇAS SURDAS VÍTIMAS DA ENCHENTE NO RIO GRANDE DO SUL

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Priscila Silveira Soler
Vanessa Regina de Oliveira Martins

Resumo

Pesquisas apontam a falta de produções em língua de sinais para crianças surdas, especialmente em situação de aquisição tardia de linguagem. A videogravação tem sido um recurso técnico importante para a disseminação cultural e informacional às comunidades surdas, mas ainda são necessários estudos que articulem a produção midiática em língua de sinais para o público infantil. O objetivo deste trabalho foi descrever e analisar as estratégias técnicas e linguísticas utilizadas na produção textual em Língua Brasileira de Sinais - Libras - da versão do livro "Vicente e a Enchente", destacando os aspectos específicos da textualidade diferida para o público infantil surdo. Utilizou-se o método da cartografia filosófica, com base nas filosofias da diferença de Gilles Deleuze e Félix Guattari, para produzir um mapa analítico do território de pesquisa na articulação entre literatura, registro videogravado em Libras e a educação de surdos. Os resultados mostram que a textualidade diferida baliza a produção analisada, evidente na narrativa em Libras pela utilização de recursos tradutórios e imagéticos, e pelo uso do espaço neutro de sinalização e sua alternância na marcação referencial, características fundamentais nas línguas visuo-espaciais. Esse planejamento foi possível pela separação do momento de enunciação composto pela escritura, seu estudo e gravação, possibilitando retomadas e análises do conteúdo videogravado. Os resultados destacam elementos de edição específicos para a produção de materiais destinados às crianças surdas em fase de aquisição tardia de linguagem.

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Como Citar
Silveira Soler, P., & Regina de Oliveira Martins, V. (2025). TEXTUALIDADE DIFERIDA EM NARRATIVA EM LIBRAS PARA CRIANÇAS SURDAS VÍTIMAS DA ENCHENTE NO RIO GRANDE DO SUL. Caderno De Letras, (49), 199-219. https://doi.org/10.15210/cdl.vi49.27477
Seção
Dossiê
Biografia do Autor

Priscila Silveira Soler, Universidade Federal de São Carlos-UFSCar

Doutoranda em Educação Especial (2023) e Mestra em Educação Especial (2022) pelo programa de pós-graduação em Educação Especial (CAPES 7) da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Bacharela em Tradução e Interpretação em Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa, pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). (2015 - 2019). Membro e pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Educação de Surdos, Subjetividades e Diferenças (GPESDi/UFSCar/CNPq).Membro do programa de pesquisa e extensão #CasaLibras (UFSCar/FAPESP/PROEX). Atualmente é professora substituta do curso de Bacharelado em Tradução e Interpretação em Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Vanessa Regina de Oliveira Martins, Universidade Federal de São Carlos-UFSCar

Realizou Pós-doutorado Sênior pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no Programa de Pós-graduação em Educação, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) (2023-2024). Doutora (2013) e Mestra (2008) em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Graduada em Pedagogia com habilitação em Educação Especial pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP) (2004). Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica - Atualize/Unibem (2007). Professora Adjunta IV no Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (DPsi/UFSCar). Coordenadora e criadora do programa de pesquisa e extensão #CasaLibras (UFSCar/FAPESP/PROEX). Coordena um Grupo de Estudos em Educação e Filosofias da Diferença (GEEFiDi/UFSCar). Membro e pesquisadora da Rede de Investigação em Inclusão, Aprendizagem e Tecnologias em Educação (RIIATE/UNISINOS).

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