AÇÕES AFIRMATIVAS E POLÍTICAS LINGUÍSTICAS PARA INDÍGENAS NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS: PASSOS E DESCOMPASSOS
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Resumo
Os estudos sobre políticas linguísticas para indígenas no ensino superior ainda se limitam a um número bastante restrito, contudo constata-se um interesse crescente na Linguística em investigar as problemáticas relacionadas a esse cenário. Assim, o objetivo deste artigo é elaborar um panorama histórico-evolutivo das ações afirmativas e das políticas linguísticas para indígenas nas Universidades brasileiras implementadas desde a promulgação da Lei de Cotas e da Constituição Federal de 1988. Para tanto, buscamos, através de levantamento bibliográfico e de pesquisa documental, primeiramente apresentar fundamentos da relação entre Direitos linguísticos e Políticas linguísticas, conceitos amplamente discutidos por Haugen (1972), Calvet (2002), Spolsky (2004), como forma de melhor situar o contexto legal e político. Em um segundo momento, traçamos um panorama evolutivo das políticas para indígenas no Ensino Superior no Brasil e, por fim, apresentamos um breve levantamento de políticas linguísticas adotadas em universidades brasileiras que contemplam as comunidades indígenas. Com base nos dados encontrados na literatura, observa-se que, de modo geral, as políticas afirmativas no ensino superior raramente vêm acompanhadas de políticas de uso das línguas em situações de ensino e de acolhimento linguístico nos espaços acadêmicos.
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