"CIDADÃO DE BEM": QUANDO SER DO BEM É ESTAR ARMADO
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Resumo
A constituição de sentidos de certas expressões é uma questão política de grande relevância social, pois, ao gerarem conflitos e modos de interpretação díspares, interferem diretamente nas relações sociais de um país. Por outro lado, apesar da construção de dicionários para se controlar os sentidos na língua, esses não se mantêm estanques ou fixos, alterando-se conforme são utilizados em acontecimentos específicos. Uma dessas expressões é “cidadão de bem”, utilizada em discursos do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e de seus apoiadores. Analisamos, então, neste trabalho, o funcionamento semântico da expressão “cidadão de bem” a partir de três recortes de reportagens, cada um extraído de um jornal digital (CNN, UOL e Correio Braziliense). Para tanto, fundamentamos este trabalho nos termos da Semântica do Acontecimento, teoria proposta por Eduardo Guimarães (2002, Semântica do Acontecimento; 2018, Semântica, enunciação e sentido), que considera a constituição dos sentidos no acontecimento do dizer. Como metodologia de análise, iremos nos ater à reescrituração e à articulação. O primeiro é como o acontecimento rediz o que foi dito, o segundo é sobre como determinadas formas se relacionam com outras em um enunciado. Essas duas relações é que constituem enunciativamente os sentidos de uma expressão em um texto e na relação entre textos em um corpus constituído a partir de perguntas que conduzem a investigação. Como resultados preliminares, temos que o “cidadão de bem” é posto como aquele que pode comprar e usar armas para garantir a sua segurança e os seus direitos e, assim, defender a democracia do país.
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