MEMÓRIA: DIMENSÕES ESTÉTICAS E ÉTICAS
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Resumo
Este artigo propõe uma reflexão em torno das dimensões estética, política, histórica e ética da memória. Para isso, passa pela análise que Paul Ricœur faz em torno de uma fenomenologia da memória e, consequentemente, analisa as implicações de uma leitura que estabelece as representações do passado através da relação entre memória e a condição histórica dos indivíduos. Discute, então, as noções de memória coletiva e memória individual (HALBWACHS, 1990) a partir da obra literária K.: relato de uma busca, de Bernardo Kucinski. Esse texto literário é nossa ferramenta central na discussão da criação de uma concepção de representação do passado. O presente artigo faz uma análise política da memória (HUYSSEN, 2015) e da forma como ela se manifesta em obras artísticas contemporâneas, a partir de uma leitura que se afasta de uma compreensão universal e única da lembrança e do esquecimento. Ou seja, é adotada aqui a ideia de uma memória que se vincula à imagem de um palimpsesto. Significa dizer algo que vai se reconstruíndo em cima dos vestígios e dos fragmentos de um movimento passado, o qual passa por um processo de ressignificação constante no presente. A representação literária é compreendida como parte do processo de formação de uma memória cultural (ASSMAN, 2011), que observa desde questões literárias, filosóficas e históricas, até aspectos da psicanálise e da subjetividade que dizem respeito à natureza humana. Nesse sentido, a memória, entendida como ferramenta de produção literária, assume uma posição discursiva com dimensões estéticas e éticas.
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