LITERATURA PARA INFÂNCIA, ESCOLA, FAMÍLIA E BURGUESIA: NOTAS HISTÓRICAS E DISCUSSÕES NECESSÁRIAS
##plugins.themes.bootstrap3.article.main##
Resumo
No conjunto de temas necessários de retomada nos estudos da literatura infantil, com fins de propor a revisão ou a apropriação por novos pesquisadores de demandas teóricas fundamentais nos estudos da área está a complexa relação da escola com a literatura para a infância. A pesquisadora brasileira que mais contribuiu com a temática foi Regina Zilberman, haja vista publicações seminais da década de 1980 reeditadas nos últimos anos (2003, 2012), sozinha ou em parceria com Marisa Lajolo (1985, 2003). Esses estudos serão aqui colocados em diálogo com outros, tais como Philippe Ariès (1986) e Walther Benjamin (2002). A questão primária que se busca endossar por meio de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa é de que a literatura infantil europeia, nos séculos XVIII e XIX, correspondia a uma demanda que se colocava à disposição do pensamento burguês, como um instrumento capaz de propagar enfaticamente o projeto político-ideológico daquela classe e incidia no emparelhamento (formal e temático) da produção da literatura produzida para a infância aos princípios da classe emergente. Também se investe em demonstrar que, mesmo antes de a literatura assumir tal função junto às crianças, a escola e a família, convocadas inicialmente para a mesma tarefa, apresentaram-se solícitas e, disponíveis para os arranjos que os novos tempos exigiam. Fica evidente, no estudo, as relações entre as instituições que assumiram a orientação dos pequenos fora do âmbito familiar: a escola, devotada ao pensamento burguês e a própria literatura produzida para a infância, que acabou por assimilar as coordenadas desse pensamento, das quais se tem esmerado para se desvencilhar, no Brasil, a partir da segunda década do século XX até o presente.
##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam no Caderno de Letras concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons BY-NC-ND 2.5 BR, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
d) Autores de trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os autores assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.
Referências
BENJAMIN, W. Velhos brinquedos: sobre a exposição de brinquedos no Märkische Museum. In: BENJAMIN, W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. Tradução Marcus Vinicius Mazzari. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2002.
COELHO, N. N. Panorama histórico da literatura infantil/juvenil: das origens indoeuropeias ao Brasil contemporâneo. São Paulo: Quíron: 1985.
COSSON, R. Círculos de leitura e letramento literário. São Paulo: Contexto, 2014.
COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
COSSON, R. Paradigmas do ensino da literatura. São Paulo: Contexto, 2020.
LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. Escrever para crianças e fazer literatura. In: LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. Literatura infantil brasileira: histórias & histórias. 2 ed. São Paulo: Ática, 1985.
LAJOLO, M.; Zilberman, R. O leitor, esse desconhecido. In: LAJOLO, M.; Zilberman, R. A formação da leitura no Brasil. 3 ed. São Paulo: Ática, 2003.
PALO, M. J.; OLIVEIRA, M. R. D. Literatura infantil: voz de criança. 4 ed. São Paulo: Ática, 2006.
TODOROV, T. A literatura em perigo. Tradução de Caio Meira. Rio de Janeiro: Difel, 2009.
ZILBERMAN, R. A criança, o livro e a escola. In: ZILBERMAN, R. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 2003.
ZILBERMAN, R. Introdução. In: ZILBERMAN, R. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 2003.
ZILBERMAN, R. O estatuto da literatura infantil. In: ZILBERMAN, R. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 2003.
ZILBERNAN, R. A formação do leitor. In: ZILBERMAN, R. A leitura e o ensino da literatura. Curitiba: Intersaberes, 2012.
ZILBERNAN, R. O leitor e o livro. In: ZILBERMAN, R. A leitura e o ensino da literatura. Curitiba: Intersaberes, 2012.