REFLEXÕES SOBRE FEMINISMOS PRESCRITIVOS, ANALÍTICOS E O PUTAFEMINISMO

Palavras-chave: Feminismo, Ativismo, Putafeminismo

Resumo

Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a desestabilização dos limites do feminismo a partir da proposta de Monique Prada sobre o putafeminismo. Em seu livro, a autora conta que inspirada por muitas outras trabalhadoras sexuais decidiu elaborar sua luta em uma publicação. Mas ao contrário de muitos dos sucessos editoriais assinados por prostitutas, o texto não está centrado nas experiências com os clientes, majoritariamente homens. O seu pensamento é construído a partir de seu próprio ponto de vista e das discussões que colocam em contraste o feminismo experimentado por ela em oposição ao que ela chama de “feministas conservadoras”, que “vitimizam” e “pretendem resgatar” pessoas como ela, deixando de reconhecer a autonomia e a capacidade de escolha desta classe. Em conjunto às contribuições de autoras como Catherine McKinnon, Saba Mahmood e Judith Butler, almeja-se entender que a visibilidade no espaço público – e não somente no acesso a um submundo – é um exercício de poder que reivindica o reconhecimento, a valorização e, sobretudo, a existência. Ao abordar a complexidade do feminismo a partir da perspectiva do putafeminismo proposto por Monique Prada, este texto se soma à outras contribuições que acabam por desafiar as fronteiras do movimento feminista tradicional.

Biografia do Autor

Mariana Oliveira Tozzi, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Jornalista, pós-graduada em Responsabilidade Social e Terceiro Setor, mestranda em Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Trabalha há mais de 10 anos com comunicação para impacto social e advocacy. Atualmente dedica-se à pesquisa da teoria pós-colonial no campo da saúde.
Matheus dos Santos da Silveira, Pontifícia Universidade Católica- Rio de Janeiro
Graduado, mestre e doutorando em Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Interesse em pesquisas nas áreas da saúde global, gênero e sexualidade, desenvolvimento e Amazônia.

Referências

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Publicado
2024-07-19