REFLEXÕES SOBRE FEMINISMOS PRESCRITIVOS, ANALÍTICOS E O PUTAFEMINISMO

Palavras-chave: Feminismo, Ativismo, Putafeminismo

Resumo

Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a desestabilização dos limites do feminismo a partir da proposta de Monique Prada sobre o putafeminismo. Em seu livro, a autora conta que inspirada por muitas outras trabalhadoras sexuais decidiu elaborar sua luta em uma publicação. Mas ao contrário de muitos dos sucessos editoriais assinados por prostitutas, o texto não está centrado nas experiências com os clientes, majoritariamente homens. O seu pensamento é construído a partir de seu próprio ponto de vista e das discussões que colocam em contraste o feminismo experimentado por ela em oposição ao que ela chama de “feministas conservadoras”, que “vitimizam” e “pretendem resgatar” pessoas como ela, deixando de reconhecer a autonomia e a capacidade de escolha desta classe. Em conjunto às contribuições de autoras como Catherine McKinnon, Saba Mahmood e Judith Butler, almeja-se entender que a visibilidade no espaço público – e não somente no acesso a um submundo – é um exercício de poder que reivindica o reconhecimento, a valorização e, sobretudo, a existência. Ao abordar a complexidade do feminismo a partir da perspectiva do putafeminismo proposto por Monique Prada, este texto se soma à outras contribuições que acabam por desafiar as fronteiras do movimento feminista tradicional.

Biografia do Autor

Mariana Oliveira Tozzi, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Jornalista, pós-graduada em Responsabilidade Social e Terceiro Setor, mestranda em Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Trabalha há mais de 10 anos com comunicação para impacto social e advocacy. Atualmente dedica-se à pesquisa da teoria pós-colonial no campo da saúde.
Matheus dos Santos da Silveira, Pontifícia Universidade Católica- Rio de Janeiro
Graduado, mestre e doutorando em Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Interesse em pesquisas nas áreas da saúde global, gênero e sexualidade, desenvolvimento e Amazônia.

Referências

ABU-LUGHOD, Lila. The Romance of Resistance: Tracing Transformations of Power Through Bedouin. American Ethnologist, Vol. 17, No. 1 (Feb., 1990), pp. 41-55.
BLANCHETTE, Thadeus & DA SILVA, Ana Paula. Classy Whores: Intersections of Class, Gender, and Sex Work in the Ideologies of the Putafeminista Movement in Brazil. Contexto Internacional, 40(3). Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cint/a/dQBZy65ckyvjhPCcmCShhvg/?format=pdf&lang=en. Acesso em 01/02/2024.
BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas – notas para uma teoria performativa de assembleia. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2019 (3ª edição). Contexto Internacional, dezembro de 2018.
HARDING, Sandra. A instabilidade das categorias analíticas na teoria feminista. Revista Estudos Feministas, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 7, 1993. DOI: 10.1590/%x. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/15984. Acesso em: 3 fev. 2024.
MACKINNON, Catharine A. Prostitution and Civil Rights. Michigan Journal of Gender and Law. Disponível em https://repository.law.umich.edu/mjgl/vol1/iss1/2/. Acesso em 15 Janeiro 2024.
MAHMOOD, Saba. The Politics of Piety: The Islamic Revival and the Feminist Subject. Princeton: Princeton University Press, 2005.
MIGUEL, L. F.. Catharine MacKinnon e o sexo como dominação. Sociologias, v. 24, n. 60, p. 362–388, maio 2022.
PRADA, Monique. Putafeminista. São Paulo: Veneta, 2018.
ZALEWSKI, M. All these theories and the bodies keep piling up: theories, theorists, theorizing. in K. B. M. Z. Steve Smith (eds.) International theory: Positivism and beyond, Cambridge, Cambridge University Press, pp. 340-353, 1996.
Publicado
2024-07-19
Como Citar
Tozzi, M. O., & Silveira, M. dos S. da. (2024). REFLEXÕES SOBRE FEMINISMOS PRESCRITIVOS, ANALÍTICOS E O PUTAFEMINISMO. Perspectivas Sociais, 10(01), 221-240. Recuperado de https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/percsoc/article/view/26863