Bourdieu e Foucault: duas formas complementares de entender a reforma do ensino médio
Resumo
Neste artigo, apresento uma análise aprofundada sobre a reforma do ensino médio, utilizando alguns dos principais artigos produzidos sobre o tema. O objetivo é explorar essa produção a partir de duas grandes linhas: a função social da escola e o discurso que justificou a reforma do ensino médio. As análises são orientadas pelos referenciais teóricos de Bourdieu e Foucault, cujas perspectivas foram esboçadas de modo complementar. Bourdieu é mobilizado para evidenciar que a escola pós-reforma permanece como um instrumento de reprodução das desigualdades sociais, perpetuando a segregação entre classes sociais e o acesso desigual ao conhecimento. Já Foucault é utilizado para entender como o discurso sobre a falência do sistema educacional foi mobilizado como justificativa para as alterações propostas, ao simplificar questões estruturais, reduzindo-as a distorções curriculares. Essa análise, portanto, pretende contribuir para o entendimento crítico das reformas educacionais no Brasil, identificando as relações de poder e desigualdade subjacentes a essas transformações.Downloads
Referências
ABREU, R. T. DE. A perspectiva do docente sobre o ensino da sociologia antes, durante e depois da sindemia da Covid-19 nas escolas. 2022. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/240267. Acesso em: 1 de fev. 2024.
BARCELLOS, M. E. et al. A REFORMA DO ENSINO MÉDIO E AS DESIGUALDADES NO BRASIL. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, v. 2, n. 13, p. 118–136, 2017.
BODART, C. das N.; PEREIRA, T. I.; DURÃES, B. On-Abecs: Relatório n.1. nov. 2020: Reforma do Ensino Médio e o ensino de Sociologia. Observatório Nacional da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais, v. 1, n. 1, 2020.
BRANCO, E. P. et al. Uma visão crítica sobre a implantação da Base Nacional Comum Curricular em consonância com a reforma do Ensino Médio. Debates em Educação, v. 10, n. 21, p. 47–70, 2018.
BOURDIEU, P. Escritos de educação. Petrópolis: Ed. Vozes, 1998.
BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora UNESP, 2003.
BUENO, E.; CARVALHO, T. M. DE. O ensino de sociologia sob a razão neoliberal: um estudo dos primeiros impactos do novo ensino médio em Anápolis. Revista Inter Ação, v. 48, n. 1, p. 150 –166, 2023.
CARVALHO, I. A. da S.; GONÇALVES, S. da R. V. Reflexões sobre reforma do Ensino Médio - Lei 13.415/17 no Rio Grande do Sul. Reflexão e Ação, [s. l.], v. 29, n. 3, p. 190–204, 2021.
CHAGAS, Â. B.; LUCE, M. B. Reforma do Ensino Médio no Estado do Rio Grande do Sul (Brasil): alinhamentos e resistências. Práxis Educativa, v. 15, p. 1–21, 2020.
CORTI, A. P. Política e significantes vazios: uma análise da reforma do ensino médio de 2017. Educação em Revista, v. 35, p. 20, 2019.
CUNHA, L. A. Ensino médio: atalho para o passado. Educação & Sociedade, [s. l.], v. 38, n. 139, p. 373–384, 2017.
DA SILVA, M. R.; SCHEIBE, L. Reforma do ensino médio: Pragmatismo e lógica mercantil. Retratos da Escola, v. 11, n. 20, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.22420/rde.v11i20.769.
FERREIRA, W.; SANTANA, D. C. de. A reforma do ensino médio e o ensino de sociologia. Perspectiva Sociológica: A Revista de Professores de Sociologia, v. 1, n. 21, p. 41–53, 2018.
FISCHER, R. M. B. Foucault e a análise do discurso em educação. Cadernos de Pesquisa, n. 114, 2001.
FREITAS, J. A. DE; BUENO, M. F. DA S. Reforma do ensino médio: uma política neoliberal para o (auto)governo da educação brasileira. Teoria e Prática da Educação, v. 21, n. 2, p. 71–83, 2018.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. São Paulo: Edições Loyola, 2019.
FURTADO, R. S.; SILVA, V. V. A. DA. A reforma em curso no ensino médio brasileiro e a naturalização das desigualdades escolares e sociais. Revista e-Curriculum, v. 18, n. 1, p. 158–179, 2020.
GOMES, M. P.; DUARTE, A. J. DESIGUALDADE SOCIAL E O DIREITO À EDUCAÇÃO NO BRASIL: REFLEXÕES A PARTIR DA REFORMA DO ENSINO MÉDIO. Revista Inter Ação, v. 44, n. 1, p. 16–31, 2019.
LAHIRE, B. Campo. in: CATANI, A. M. et al. (EDS.). Vocabulário Bourdieu. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
MACEDO, E. F. Fazendo a Base virar realidade: competências e o germe da comparação. Retratos da Escola, [s. l.], v. 13, n. 25, p. 39–58, 2019.
MARCELINO, A. DE C. G.; PORTO, R. DE C. C.; CABRAL, A. N. M. DE A. Reforma do Ensino Médio: retrocesso nas políticas educacionais brasileiras. Revista de Educação PUC-Campinas, v. 25, p. 1–15, 2020.
MARCHI, M.; SILVA, M. P. DA; SANTOS, A. M. DOS. Do discurso ao percurso da reforma do ensino médio no Brasil: análise de conflitos e interesses. Revista Cocar, v. 18, n. 36, 2023.
MOTTA, V. C. da; FRIGOTTO, G. Por que a urgência da reforma do ensino médio? Medida Provisória No 746/2016 (Lei No 13.415/2017). Educação & Sociedade, v. 38, 2017.
MOURA, D. H.; LIMA FILHO, D. L. A reforma do ensino médio: Regressão de direitos sociais. Retratos da Escola, v. 11, n. 20, p. 21, 2017.
PAESE, C. R. Pierre Bourdieu e o ensino no Brasil nos anos 1990. Itinerarius Reflectionis, v. 15, n. 1, p. 01–14, 2019.
PERONI, V. et al. Reformas educacionais de hoje: as implicações para a democracia. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 11, n. 21, p. 415-432, jul./dez. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.22420/rde.v11i21.793
SANTOS, A., I., dos; CERVI, G., M. O novo Ensino Médio: Análise do discurso da Lei nº 13.415/2017 a partir de Michel Foucault. in: FERNANDES JR, A.; FRANCESCHINI, B.; SANTANA, S. C. B. Análise do discurso na contemporaneidade: Cartografias discursivas. Rio de Janeiro: Editora Bonecker, 2019.
SANTOS, W. G. dos. A democracia impedida: o Brasil no século XXI. Rio de Janeiro: FGV, 2017.
SARAIVA, M.; CHAGAS, A.; BEATRIZ LUCE, M. As disputas em torno dos projetos para o ensino médio no Brasil: bibliografia em análise. Revista de Ciências Humanas, v. 20, n. 03, p. 48–68, 2019.
TEIXEIRA, A. Educação não é privilégio. RJ: UFRJ, 1994.
Os Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do(a) autor(a), com direitos de primeira publicação para a revista. Os artigos são de uso gratuito em aplicações exclusivamente acadêmicas e educacionais e, portanto, não-comerciais.