O Movimento Peronista como "lugar de memória” da América Latina: um olhar da história e da literatura

  • Raquel Paz dos Santos Universidade de Santo Amaro
  • Maria Auxiliadora Fontana Baseio Universidade de Santo Amaro (UNISA)

Resumo

O presente estudo analisa a problemática dos lugares de memória na construção do imaginário social do peronismo entre 1946-1955, destacando a criação de mitos e “mártires” em torno de Perón e Evita, símbolos e comemorações cívicas que recriaram simbolicamente a nação, alimentando o projeto da “Nova Argentina”. Demonstra-se, ainda, que, pelo estabelecimento de políticas sociais para os trabalhadores, associado a uma intensa propaganda ideológica produzida pelo controle da imprensa e da repressão e desmoralização dos grupos opositores, legitimou-se o poder instituído. Essa construção simbólica que compôs o imaginário social da época, constituindo-se como um discurso dominante, foi profundamente criticada pela intelectualidade argentina, sobretudo por alguns escritores, que encontraram na literatura um meio de expressão de suas representações contrárias ao regime – um contradiscurso -, buscando, assim, estratégias de romper com o silenciamento e promover o embate simbólico entre as diferentes visões, como se analisa no conto “A casa tomada”, de Cortázar.

Biografia do Autor

Raquel Paz dos Santos, Universidade de Santo Amaro
Possui graduação em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1997) e mestrado em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2001).Doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense (2008). Pós-Doutorado em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2011). Tem experiência na área de História da América e História do Brasil, atuando principalmente nos seguintes temas: Era Vargas, Peronismo, memória social, políticas culturais identidade nacional e ideologia. Desde o seu doutorado também vem desenvolvendo estudos em História das Relações Internacionais e Política Externa, estudando as relações Brasil-Argentina em uma perspectiva cultural. Desenvolve ainda estudos sobre processo de Integração regional e a "nova esquerda" na América do Sul. Estudos sobre a Educação Pública e a Integração Regional. Atualmente, é Professora do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar Ciências Humanas da Universidade Santo Amaro (UNISA). É Presidente do Centro de Estudos Brasileiro da América do Sul (CEBAS) e Pesquisadora do Laboratório de Estudos da América Latina (LEAL), vinculado ao NEPP-DH/UFRJ. Também coordena a Red de Estudios Internacionales de América Latina (RedEIAL), vinculada a Universidad Nacional del Sur (UNS).
Maria Auxiliadora Fontana Baseio, Universidade de Santo Amaro (UNISA)
Doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo. Professora do Mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade de Santo Amaro, São Paulo. Coordenadora do grupo de pesquisa Arte, Cultura e Imaginário.
Publicado
2015-07-01
Seção
Artigos