Alguns Pensamentos Acerca da Educação

  • John Locke

Resumo

d§. 128. Observamos anteriormente que a variedade e a liberdade era o que mais entusiasmava e seduzia as crianças em suas brincadeiras; portanto, os estudos, ou qualquer coisa que desejássemos que aprendessem, não lhes deveriam ser impostos como obrigação. Os pais, os tutores e os professores tendem a esquecer esse fato, e a impaciência em mantê-las ocupadas em ações que sejam convenientes não os deixa usar quaisquer artifícios para persuadi-las. As crianças, entretanto, através das ordens constantes que lhes são dirigidas, logo distinguem entre o que lhes é exigido e o que não é. Uma vez que esse erro tenha tornado o estudo desagradável para o menino, a cura há que ser aplicada no outro extremo. E como será, então, muito tarde para esforçar-se em torná-lo uma diversão, deveis tomar o caminho contrário. Observai de qual brincadeira ele mais gosta; imponde-a e obrigai-o a dedicar-se a ela muitas horas por dia, não como punição por brincar, mas como se fosse a obrigação exigida dele. Se eu não estiver enganado, isso o tornará, em poucos dias, tão fatigado de sua brincadeira favorita que há de preferir os livros, ou qualquer coisa, a ela, especialmente se eles puderem livrá-lo de alguma parte da tarefa de brincar que lhe foi imposta, e se lhe for permitido empregar no estudo, ou em algum outro exercício realmente útil, uma parte do tempo destinado a sua tarefa de brincar. Creio que pelo menos esse é um método melhor que o da proibição (que geralmente aumenta o desejo) ou qualquer outra punição que seja empregada para corrigi-lo. Uma vez que lhe tenhais empanturrado o apetite (o que pode seguramente ser feito em todas as coisas, exceto no comer e no beber) e o tornado repleno do que quereis fazê-lo evitar, havereis incutido nele o princípio de aversão e não tereis muito que temer seu ulterior desejo pela mesma coisa.

Downloads

Não há dados estatísticos.
Como Citar
Locke, J. (1). Alguns Pensamentos Acerca da Educação. Cadernos De Educação, (22). https://doi.org/10.15210/caduc.v0i22.1490
Seção
Clássicos