2020: O tempo
Resumo
2020 não é um ano, é um hiato. Gravitamos na essencialidade do global que caracteriza a pandemia do novo coronavírus. Como disse o filósofo italiano Roberto Esposito1, nenhuma grande pandemia passa sem provocar mudanças profundas nas sociedades. E, nessa que estamos vivendo, há o fato inédito e inegável da globalidade. Segundo ele: “é o primeiro evento, ainda mais que as guerras mundiais, realmente global”. Compartilhamos com o resto do mundo o que o filósofo diz ser “um princípio trágico de igualdade porque todos podem ser atingidos pelo vírus”. No entanto, a reação, em princípio, tem sido diferente de lugar para lugar. Em alguns locais, elaborou-se uma “política feita em nome da vida”. Em outros — e conhecemos bem um desses — firmou-se uma política “que faz da morte de alguns a condição de vida de outros”. 2020 é o ano que nos surpreendeu com o trabalho remoto, perdurado, intransigente e inegociável. E estávamos tão acostumados à presença, a compartilhar voz, lugar, espaço e tempo. De repente, apenas assim, isso deixa de ser. Passamos a um outro tipo de compartilhamento determinado pelas possibilidades tecnológicas que se fundamentam, quase que essencialmente, no uso das redes sociais e nos dispositivos que as possibilitam. Do lugar onde nos encontrávamos, passamos a sentir como se o mundo inteiro só vivesse nessas redes. Em pouco tempo, estávamos saturados de informações — corretas e incorretas, justas e injustas — de crônicas, análises, levantamentos, ponderações, notícias, em palavras, escritas ou faladas, de humor e de escatologia. No entanto, continuávamos carentes de conteúdos que nos explicassem o tempo presente. Ainda continuamos e precisamos de palavras que possam nos levar para um horizonte de melhores expectativas. No entanto, sabíamos que precisávamos agir e seguir. Não importa o resultado. Ou melhor, o único resultado que importa, por ora, é continuar.Copyright (c) 2020 Expressa Extensão
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