Corpo-movimento-jogo e formação cultural: inter-ações da educação física na extensão universitária
Resumo
A Educação Física é uma área híbrida que congrega, na mesma proporção, saberes oriundos das ciências naturais e das ciências humanas, sem contar o frutífero diálogo que ela estabelece com o campo da Arte, sobretudo com as linguagens da Dança e da Música. Como qualquer outra área do conhecimento, a Educação Física orienta-se pelo princípio da indissociabilidade previsto no artigo 207 da Constituição Federal, desenvolvendo ações de ensino, pesquisa e extensão. Todavia, ela parece ter uma “vocação nata” para conceber, executar e gerir ações de extensão universitária, sobretudo quando ultrapassa as limitações do recorte “atividade física” e assume a sua longa tradição lúdica e estética presente no fenômeno da “cultura corporal” ou “cultura de movimento”. É no jogo físico-corporal e através desse jogo, seja pelo esporte, pela dança, pela ginástica, pelo circo ou pela capoeira, que a Educação Física recupera a sua potência enquanto formação cultural ou Bildung, um processo pedagógico altamente dinâmico e profundamente estético, no sentido filosófico. As ações extensionistas de Educação Física emponderam-se quando alinhadas aos princípios e objetivos propostos pelo Plano Nacional de Cultura o que não se efetiva quando permanecem subjugadas à lógica da “prescrição de exercícios”. As práticas corporais, carro-chefe da Educação Física, são caminhos auspiciosos que conduzem à experiência ou aoErfahrung, revisitando uma noção muito cara à filosofia de Walter Benjamin.Neste ensaio, apresentamos algumas breves considerações sobre as inter-ações extensionistas promovidas por departamentos, faculdades e institutos de Educação Física com foco na relação entre jogo, práticas corporais e formação cultural (Bildung).Referências
BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 8. Ed. Trad. de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 2012 (obras escolhidas, v. 1).
BENJAMIN, W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. 2. Ed. Trad. de Marcus Vinicius Mazzari. São Paulo: Editora 34, 2009.
BERMAN, A. A prova do estrangeiro: cultura e tradução na Alemanha romântica. Trad. de Maria Emília Pereira Chanut. Bauru: Edusc, 2002.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 12 maio 2022.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016] Disponível em: https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_18.02.2016/CON1988.pdf. Acesso em 25 de abr. 2022.
BRASIL. Ministério da Cultura. Plano Nacional de Cultura. Brasília: MinC, 2012.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12343.htm. Acesso em: 25 de abr. 2022
DILTHEY, W. Introdução às ciências humanas – tentativa de uma fundamentação para o estudo da sociedade e da história. Trad. de Marco Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.
FORPROEX. Política Nacional de Extensão Universitária. Manaus: 2012.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 8. Ed. Trad. de João Paulo Monteiro. São Paulo: Perspectiva, 2018.
MÖHRING, M. Marmorleiber: Körperbilgung in der deutschen Nacktkultur (1890-1930). Köel: Böhlau, 2004.
SUAREZ, R. Nota sobre o conceito de Bildung (formação cultural). Kriterion, Belo Horizonte, n. 112, p. 191-198, dez. 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/kr/a/7Hh9d3cv6KNT4bgrNxcPqGn/?lang=pt#. Acesso em: 7 abr. 2022.
WEDEMEYER-KOLWE, B. Der neue Mensch: Köperkultur im Kaiserreich und in der Weimares Republik. Würzburg: Königshausen & Neumann, 2004
Copyright (c) 2022 Expressa Extensão
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
A revista se reserva o direito de efetuar nos originais alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores. As provas finais não serão enviadas aos autores. O Conselho Editorial não se responsabiliza por opiniões emitidas pelos autores dos trabalhos publicados. Os trabalhos aceitos para publicação passam a ser de propriedade da Expressa Extensão, não podendo, o autor, reclamar, em qualquer época ou sob qualquer pretexto,remuneração ou indenização pela publicação. A reimpressão, total ou parcial, dos trabalhos publicados é sujeita à autorização expressa da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura. OBS. Cabe(m) ao(s) autor(es) as devidas autorizações de uso de imagens com direito autoral protegido (Lei nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998), que se realizará com o aceite no ato do preenchimento da ficha de inscrição via web.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.