Acidente por afogamento na primeira infância: revisão com proposta e ativação de tecnologia leve no município de Cametá, Pará

Palavras-chave: Afogamento infantil, Tecnologia leve, Trabalho vivo

Resumo

O afogamento representa um evento clínico e social que ocorre de forma inesperada constituindo-se importante causa de morbimortalidade. Neste sentido, o trabalho em tela objetiva relatar a proposta e a ativação de um folder regional de prevenção de acidentes por afogamento em crianças amazônicas. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, segmentado em: revisão de seis etapas, construção de um folder a partir das evidências-vivências e um relato de vivência de proposição e ativação de tecnologia leve segundo Merhy. Construiu-se um folder com artes autorais a partir de 17 publicações, do universo de 115 publicações. Enfatiza-se que as ações ocorreram no município de Cametá vinculadas a Atenção Básica, os cenários para a ativação de tecnologia foram 29 micro áreas, nas Unidades de Saúde Cinturão Verde e Menino Deus. Discute-se que há carência de literatura pertinente, principalmente no contexto da Amazônia brasileira, este agravo tem como principais fatores de risco a supervisão ineficiente das crianças em ambientes de risco e a ausência do uso de equipamentos de segurança. Ademais, constatou-se nas ações que não congregaram apenas crianças na faixa etária de 1-4 anos, que a população pouco observa os fatores de risco que cercam as crianças em seu domicílio e no cotidiano, devido a exposição contínua da realidade ribeirinha, desta forma, a construção do folder e as mobilizações endossam o Trabalho Vivo em saúde à medida que visibilizam um agravo pouco debatido pelo sistema acadêmico e da saúde.

Biografia do Autor

Terezinha de Jesus Valente Duarte Gomes, Universidade Federal do Pará
Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (1996). Possui titulo de especialista em Medicina de família e comunidade pela associação médica brasileira e sociedade brasileira de medicina de família e comunidade (2022). É Especialista em Saúde da Família pela Faculdade de Medicina do ABC (São Paulo). Trabalhou na Estratégia Saúde da Família na Secretaria Municipal de Saúde da cidade de São Paulo (2001 a 2011). Participou do enfrentamento da Pandemia de H1N1 no município de São Paulo e enfrentamento da Epidemia de Malária no município de Cametá (2011-2012). Vinculada ao Curso de Especialização em Pediatria (Lato Sensu) da Universidade Federal do Pará (2024).
Samanta Barra dos Santos, Universidade Federal do Pará
Licenciada em Ciências Naturais (Universidade Federal do Pará), pós-graduada em Docência do Ensino Superior (Universidade da Amazônia) e mestra em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários (PPGBAIP - Universidade Federal do Pará).
Laélia Maria Barra Feio Brasil, Universidade Federal do Pará
Médica. Professor Associado III da Universidade Federal do Pará (UFPA). Em Setembro de 2017 é Doutora em Doenças Tropicais pelo Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará. Em 2003 é Mestre em Ciências Aplicadas à Pediatria pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é Coordenadora da Comissão de Ensino do Instituto de Ciências Médicas (ICM), coordenadora do curso de especialização em Pediatria e vice coordenadora do curso de especialização em Neonatologia, Vice coordenadora do Programa de Residência Médica em Pediatria da UFPA
Vera Lúcia de Azevedo Lima, Universidade Federal do Pará
Enfermeira pela Universidade Federal do Pará (1985), graduação em Licenciatura Plena em Enfermagem pela Universidade Federal do Pará (1988), mestrado em Saúde Pública e Bioestatistica pela Fundação Osvaldo Cruz (2001) e doutorado e Pós-doutorado em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009). Atualmente é docente Associado IV da Universidade Federal do Pará. Docente da Faculdade de Enfermagem/FAENF/ICS/UFPA; Docente dos PPGENF/ICS/UFPA e do PPGSP/IFCH/UFPA
Camila Maria Silva Paraizo-Horvath, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
Enfermeira. Doutoranda em Ciências pelo Programa de Pós Graduação Enfermagem Fundamental da Universidade de São Paulo (USP-RP) iniciado em janeiro/2019, Mestra em enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Alfenas -MG, Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal de Alfenas - MG (UNIFAL_MG).
Antonio Jorge Silva Correa Júnior, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
Enfermeiro. Doutorando em ciências pelo programa de pós-graduação em Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP), especificamente na linha de pesquisa O cuidar de adultos e idosos. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará (PPGENF/ICS/UFPA), especificamente na linha de pesquisa políticas de saúde e cuidado de enfermagem sendo bolsista CAPES (2017-2019).

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Publicado
2024-10-19
Como Citar
GOMES, T. DE J. V. D.; SANTOS, S. B. DOS; BRASIL, L. M. B. F.; LIMA, V. L. DE A.; PARAIZO-HORVATH, C. M. S.; CORREA JÚNIOR, A. J. S. Acidente por afogamento na primeira infância: revisão com proposta e ativação de tecnologia leve no município de Cametá, Pará. Expressa Extensão, v. 29, n. 3, p. 102-119, 19 out. 2024.