Conservação Pública e Patrimônio como marca de lugar: diálogos com o campo da arqueologia
Resumo
Tomando como exemplo o contexto de desenvolvimento e expansão dos novos campos epistemológicos e sociais que a arqueologia galgou a partir do trabalho voltado para atender demandas públicas, este artigo propõe uma análise quanto à expansão da esfera de atuação da conservação e restauração de bens culturais, em um exercício aproximado de reflexão do campo para atuar com demandas públicas em contextos comunitários e plurais. Transitando por autores clássicos que definem a guinada da arqueologia para uma aproximação direta com o interesse público na construção de sentidos dados ao patrimônio a partir da cultura material, colocamos paralelamente a (re)construção da teoria de conservação e restauração de Salvador Muñoz-Viñas. O autor amplifica a intenção do tratamento dado aos bens culturais enquanto estreita laços com aqueles a quem se destinam, abrindo caminho para um exercício participativo que une a expertise profissional ao público que, ao se acercar dos processos, se identifica e se apropria do patrimônio, formatando novos sistemas e ordenando uma memória social, entendida aqui não como percepção cognitiva, mas como esforço coletivo de perpetuação de um patrimônio identitário. Respaldado pela teórica Barbara Appelbaum, que reforça a importância de elementos externos como a consideração humana aos objetos em si e sua materialidade física, tecemos, por fim, considerações a respeito da importância de ligar a práxis da conservação e restauração de bens culturais ao público, e compreender que tratar as esferas do presente de maneira participativa não constitui um território de disputa ou descaracterização, mas sim como espaço de herança em constante construção. Abstract: Taking as an example the context of development and expansion of new epistemological and social fields that archeology came up from the work aimed at meeting public demands, this article proposes an analysis regarding the expansion of the sphere of action of conservation and restoration of cultural goods, in an approximate exercise of reflection by the field to act with public demands in community and plural contexts. Moving through classic authors who define the shift in archeology towards a direct approach to public interest in the construction of meanings given to heritage based on material culture, we put in parallel the (re) construction of Salvador Muñoz-Viñas’s theory of conservation and restoration. The author amplifies the intention of the treatment given to cultural goods while strengthening ties with those for whom they are intended, opening the way for a participatory exercise that unites professional expertise to the public, who, when approaching the processes, identify and appropriate the heritage, shaping new systems and ordering a social memory, understood here not as cognitive perception, but as a collective effort to perpetuate an identity heritage. Supported by the theorist Barbara Appelbaum, who reinforces the importance of external elements such as human consideration of the objects themselves and their physical materiality, we finally make considerations about the importance of linking the praxis of the conservation and restoration of cultural goods to the public, and understand that treating the spheres of the present in a participatory manner does not constitute a territory of mischaracterization, but rather as a space of inheritance in constant construction.Referências
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