Juntando cacos: Persistência e reexistência nas práticas cerâmicas no Vale do Guaporé
Resumo
Resumo: Este artigo apresenta um estudo sobre as práticas materiais do processo etnogenético de configuração de comunidades negras rurais ao longo do século XIX no vale do baixo e médio Guaporé (atual estado de Rondônia), a partir da análise do material cerâmico histórico procedente do Forte Príncipe da Beira. Seu principal objetivo é indagar o que a interseção de elementos indígenas e africanos identificados na cerâmica de barro cozida escavada no recinto intramuros pode nos dizer sobre as dinâmicas sociais e interétnicas no Forte e seu entorno. Considerando a historicidade das terras de pretos ao longo do Guaporé, bem como a persistência desses mesmos elementos culturais na cerâmica tradicionalmente produzida na região, o estudo do material cerâmico do Forte Príncipe da Beira dialoga com a literatura da Arqueologia da Persistência, propondo uma reconceituação em torno da noção de “reexistência”, em linha com as teorizações dos movimentos negros e indígenas. Abstract: This paper presents a study on the material practices of the ethnogenesis process of rural Afro-descendant communities during the 19th century in the low and middle Guaporé Valley, based on the analysis of the Forte Príncipe da Beira Fortress’ pottery collection. Its main objective is to examine the intersection of indigenous and African elements in the pottery from the intramural area so as to assess what it can tell us about the persistence of communities of practice as well as the social and interethnic dynamics in place at the Fortress and its surroundings. Considering the historicity of the “terras de preto” along the Guaporé River, as well as the endurance of these cultural elements in the traditional pottery still produced in the region, this study engages with the literature of the Archaeology of Persistence, proposing a reconceptualization around the notion of "re-existence", in line with the theorizations of modern-day black and indigenous movements as well as the claims of local maroon-descendent communities.Referências
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