À beira do rio e à margem da história: (re)ocupando espaços através da etnoeducação patrimonial e da reexistência de uma comunidade quilombola no Guaporé afro-amazônico

  • Louise Cardoso de Mello Universidade Federal Flumiense / Universidad Pablo de Olavide de Sevilla
Palavras-chave: Forte Príncipe da Beira, Museu Nacional, Etnoeducação patrimonial, comunidades quilombolas, Arqueologia da Reexistência

Resumo

Este artigo apresenta a segunda fase da iniciativa de etnoeducação patrimonial. Por um Museu do Forte Vivo desenvolvida no âmbito do projeto de arqueologia comunitária junto aos discentes quilombolas do Forte Príncipe da Beira (Costa Marques/RO) com a retomada do ensino presencial. Após receber o reconhecimento do IPHAN mediante o Prêmio Luiz de Castro Faria 2022, o projeto tem agora a oportunidade de testar algumas das lições aprendidas em tempos pós-pandêmicos. Os resultados dessa abordagem metodológica são problematizados no marco conceitual da Arqueologia da Reexistência e no contexto mais amplo dos Estudos Afro-Latino-Americanos, inserindo-se no debate acerca da multivocalidade/plurivocalidade nos processos de patrimonialização e disputa de memórias.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBÁN ACHINTE, Adolfo. ¿Interculturalidad sin decolonialidad? Colonialidades circulantes y prácticas de re-existencia. IN: GRUESO BONILLA, Arturo; VILLA, Wilmer (eds.). Diversidad, interculturalidad y construcción de ciudad. Bogotá: Alcaldía Mayor de Bogotá/Universidad Pedagógica Nacional, 2008.

______________. Pedagogías de la re-existencia. Artistas indígenas y afrocolombianos. IN: WALSH, Catherine. Pedagogías Decoloniales - Prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. V. 1. Quito: Abya Yala, 2013.

ALMEIDA, Alfredo Wagner B. de; OLIVEIRA, Murana Arenillas (orgs.). Museus indígenas e quilombolas: centro de ciências e saberes. Manaus: UEA Edições/PNCSA, 2017.

ATALAY, Sonia. Multivocality and Indigenous Archaeologies. In: HABU, Junco; FAWCETT, Claire; MATSUNAGA, John M. (Ed.). Evaluating Multiple Narratives. New York: Springer, 2008, p. 29-44.

BALANZÁTEGUI, Daniela. Collaborative Archaeology to Revitalize an Afro-Ecuadorian Cemetery. Journal of African Diaspora Archaeology & Heritage, v. 7, n. 1, p. 42-69, 2018.

BETHELL, Leslie. Brazil and “Latin America”. Journal of Latin American Studies, v. 42, n. 3, p. 457-485, 2010.

CAMPOS, Juliano Bitencourt; RODRIGUES, Marian Helen da S. G.; FUNARI, Pedro Paulo A. (Org). A multivocalidade da arqueologia pública no Brasil: comunidades, práticas e direito. Criciúma: UNESC, 2017.

CARDOSO DE MELLO, Louise. Arqueologia da destruição: o resgate do material arqueológico do Forte Príncipe da Beira após o incêndio do Museu Nacional. Vestígios, v. 14, n. 2, p. 5-26, 2020. (Edição especial: Conservação em Arqueologia Histórica). Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/vestigios/article/view/26089/20559

______________. Juntando cacos: persistência e reexistência nas práticas cerâmicas do Vale do Guaporé. Cadernos do LEPAARQ, v. 19, n. 37, p. 92-123, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/lepaarq/article/view/22646

______________. Memória, corpo e território: o Forte Príncipe da Beira e o Guaporé afro-amazônico. Tese (Doutorado em História Social) – Universidade Federal Fluminense em cotutela com a Universidad Pablo de Olavide de Sevilla, 2023.

______________. O Forte Príncipe da Beira como patrimônio afro-amazônico: Arqueologia comunitária e resgate patrimonial. Anais do V Seminário de Preservação de Patrimônio Arqueológico, Museu de Astronomia e Ciências Afins, Rio de Janeiro, 25-29 de novembro de 2019, p. 167-198.

CARVALHO, Patrícia Marinho de. Visibilidade do Negro: Arqueologia do Abandono na comunidade quilombola do Boqueirão - Vila Bela/MT. Tese (Doutorado em Arqueologia) - Universidade de São Paulo, 2018.

FERREIRA, Lúcio Menezes; MONTENEGRO, Mónica; RIVOLTA, María Clara; NASTRI, Javier. Arqueología, multivocalidad y activación patrimonial en Sudamérica. “No somos ventrílocuos”. In: RIVOLTA, María Clara; MONTENEGRO, Mónica; FERREIRA, Lúcio Menezes. Multivocalidad y activaciones patrimoniales en arqueología: perspectivas desde Sudamérica. Buenos Aires: Fundación de Historia Natural Félix de Azara, 2014, p. 15-34.

FERREIRA, Rebeca Campos. Fortes quilombolas do forte: judicialização e resolução de conflitos no Quilombo do Forte Príncipe da Beira, Rondônia. Amazônica - Revista de Antropologia, vol. 12, n. 1, p. 21 - 47, 2020.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

GNECCO, Cristóbal e HERNÁNDEZ, Carolina. History and Its Discontents: Stone Statues, Native Histories, and Archaeologists. Current Anthropology, v. 49, n. 3, p. 439-466, 2008.

GONZÁLEZ, Lélia. A Categoria Político-Cultural de Amefricanidade. Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, v. 92, n. 3, p. 69-81, 1988 (Reproduzido em: Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, v. 15, n. 1, 2021).

LUDWIG, David; BOOGARD, Birgit. Making Transdisciplinarity Work: An epistemology of inclusive development and innovation. In: LUDWIG, David; LEEUWIS, Cees; BOOGAARD, Birgit; MACNAGHTEN, Phil. The politics of knowledge in inclusive development and innovation. Routledge: University of Sussex, 2021, pp. 19-33.

LUQUET, George-Henri. O desenho infantil. Porto: Ed. Minho, 1969.

MIGNOLO, Walter D. Histórias locais/projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. Ver também: BERNARDINO COSTA, Joaze. Decolonialidade, Atlântico Negro e intelectuais negros brasileiros. Revista Sociedade e Estado, v. 33, n. 1, p. 119-137, 2018.

ONUKI, Janina; MOURON, Fernando; URDINEZ, Francisco. Latin American Perceptions of Regional Identity and Leadership in Comparative Perspective. Contexto internacional, v. 38, n. 1, p. 433-465, 2016.

PIAGET, Jean; INHELDER, Barbel. A Psicologia da Criança. 3ª. ed. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007.

ROMEU, Gabriela (org.) Novas (velhas) batalhas. Educação patrimonial no contexto das fortificações de Pernambuco. Brasília: IPHAN, 2019.

RUSSI, Adriana; ALVAREZ, Johny. Na escola os saberes tradicionais: Etnoeducação, cultura e patrimônio. Mouseion, n. 23, p. 105-127, 2016.

SANTOS, Boaventura de Sousa. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Almedina, 2020.

SILVA, Givânia da. Educação como processo de luta política: a experiência de “educação diferenciada” do território quilombola de Conceição das Crioulas. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade de Brasília, 2012.

SOUZA, Ana Lúcia. Letramentos de reexistência: culturas e identidades no movimento hip-hop. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas - SP, 2009.

SOUZA, Ana Lúcia; SILVA, Ione Jovino da; MUNIZ, Kassandra da Silva. Letramento de Reexistência - um conceito em movimentos negros. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), v. 10, p. 1-11. 2018.

WALSH, Catherine. Pedagogías Decoloniales - Prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. V. 1. Quito: Abya Yala, 2013.
Publicado
2024-01-23
Como Citar
Cardoso de Mello, L. (2024). À beira do rio e à margem da história: (re)ocupando espaços através da etnoeducação patrimonial e da reexistência de uma comunidade quilombola no Guaporé afro-amazônico. Cadernos Do LEPAARQ (UFPEL), 20(40), 107-124. https://doi.org/10.15210/lepaarq.v20i40.26103
Seção
DOSSIÊ ARQUEOLOGÍAS AFROLATINOAMERICANAS PARA LA RE-EXISTENCIA