À beira do rio e à margem da história: (re)ocupando espaços através da etnoeducação patrimonial e da reexistência de uma comunidade quilombola no Guaporé afro-amazônico

  • Louise Cardoso de Mello Universidade Federal Flumiense / Universidad Pablo de Olavide de Sevilla
Palavras-chave: Forte Príncipe da Beira, Museu Nacional, Etnoeducação patrimonial, comunidades quilombolas, Arqueologia da Reexistência

Resumo

Este artigo apresenta a segunda fase da iniciativa de etnoeducação patrimonial. Por um Museu do Forte Vivo desenvolvida no âmbito do projeto de arqueologia comunitária junto aos discentes quilombolas do Forte Príncipe da Beira (Costa Marques/RO) com a retomada do ensino presencial. Após receber o reconhecimento do IPHAN mediante o Prêmio Luiz de Castro Faria 2022, o projeto tem agora a oportunidade de testar algumas das lições aprendidas em tempos pós-pandêmicos. Os resultados dessa abordagem metodológica são problematizados no marco conceitual da Arqueologia da Reexistência e no contexto mais amplo dos Estudos Afro-Latino-Americanos, inserindo-se no debate acerca da multivocalidade/plurivocalidade nos processos de patrimonialização e disputa de memórias.

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WALSH, Catherine. Pedagogías Decoloniales - Prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. V. 1. Quito: Abya Yala, 2013.
Publicado
2024-01-23
Como Citar
Cardoso de Mello, L. (2024). À beira do rio e à margem da história: (re)ocupando espaços através da etnoeducação patrimonial e da reexistência de uma comunidade quilombola no Guaporé afro-amazônico. Cadernos Do LEPAARQ (UFPEL), 20(40), 107-124. https://doi.org/10.15210/lepaarq.v20i40.26103
Seção
DOSSIÊ ARQUEOLOGÍAS AFROLATINOAMERICANAS PARA LA RE-EXISTENCIA