Trabalho, racismo e saúde mental no Brasil: reflexões sobre o trabalho livre do escravismo tardio aos nossos dias
Resumo
O artigo aborda a questão racial no interior da política de saúde mental, buscando sua gênese no período do escravismo tardio, escamoteado pela concepção de trabalho livre, visto que eram negadas à população liberta condições materiais básicas para existência, como acesso à saúde, educação e moradia. Buscando compreender o processo do escravismo colonial no Brasil, as estruturas ou condições que geraram o trabalho livre da colônia e como o racismo foi um elemento contundente de opressão do escravizado ao longo desse período, essa pesquisa avalia ainda a repercussão desse sistema na política de saúde mental. Mesmo com os avanços da Constituição de 1988, as desigualdades sociais decorrentes desse modelo de produção permanecem no cotidiano da classe trabalhadora, excluída do acesso à riqueza produzida. Há lacunas no campo teórico da categoria profissional que estão latentes nas últimas décadas, como podem ser percebidas no trabalho de vários autores que são citados neste artigo.Downloads
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