Trabalho, racismo e saúde mental no Brasil: reflexões sobre o trabalho livre do escravismo tardio aos nossos dias

Palavras-chave: Racismo, Saúde mental, Trabalho, Trabalho livre

Resumo

O artigo aborda a questão racial no interior da política de saúde mental, buscando sua gênese no período do escravismo tardio, escamoteado pela concepção de trabalho livre, visto que eram negadas à população liberta condições materiais básicas para existência, como acesso à saúde, educação e moradia. Buscando compreender o processo do escravismo colonial no Brasil, as estruturas ou condições que geraram o trabalho livre da colônia e como o racismo foi um elemento contundente de opressão do escravizado ao longo desse período, essa pesquisa avalia ainda a repercussão desse sistema na política de saúde mental. Mesmo com os avanços da Constituição de 1988, as desigualdades sociais decorrentes desse modelo de produção permanecem no cotidiano da classe trabalhadora, excluída do acesso à riqueza produzida. Há lacunas no campo teórico da categoria profissional que estão latentes nas últimas décadas, como podem ser percebidas no trabalho de vários autores que são citados neste artigo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Flávia Brito da Silva Sinézio, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Flávia Brito da Silva Sinézio é mestranda do curso de Pós-graduação em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2017.

CFESS. Perfil de Assistentes Sociais no Brasil: Formação, Condições de Trabalho e Exercício Profissional. Brasília: Cfess, 2022.

CHALHOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: UNESP, 1999.

EURICO, Marcia Campos. Da escravidão ao trabalho livre: contribuições para o trabalho do assistente social. SER Social, Brasília, v. 19, n. 41, p. 414-427, 2017.

EURICO, Marcia Campos, et al. Antirracismo e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2022.

FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. Coleção PERSPECTIVAS DO HOMEM. Volume 42. Série Política.

IBGE. Síntese de Indicadores Sociais: em 2020, sem programas sociais, 32,1% da população do país estaria em situação de pobreza | Agência de Notícias. 2022a. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/32418-sintese-de-indicadores-sociais-em-2020-sem-programas-sociais-32-1-da-populacao-do-pais-estariam-em-situacao-de-pobreza. Acesso em: 24/06/2024.

IBGE. Pessoas pretas e pardas continuam com menor acesso a emprego, educação, segurança e saneamento. 2022b. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/35467-pessoas-pretas-e-pardas-continuam-com-menor-acesso-a-emprego-educacao-seguranca-e-saneamento. Acesso em: 26/06/2024.

LIMA, Jorge Pereira. Antônio Conselheiro e A Guerra de Canudos. São Paulo: Edições Paulinas, 1986.

MARX, Karl. O Capital: Crítica da economia política. LIVRO I. São Paulo: Boitempo, 2013.

MOURA, Clóvis. Da insurgência negra ao escravismo tardio. In: Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 1988.

PASSOS, Raquel Gouveia. Saúde Mental, Racismo e Serviço Social: Diálogos Necessários. In: EURICO, Marcia Campos et al. Antirracismo e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2022.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América latina. In: LANDER, Eduardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e Ciências Sociais. Perspectivas latino-americanas, 2005.

SELIGMANN-SILVA, Edith. Trabalho e desgaste mental: o direito de ser dono de si mesmo. São Paulo: Cortez, 2022.

SILVA, A. P. Procópio. Higienismo, eugenia e racismo na gênese do Serviço Social Brasileiro: apontamentos introdutórios. In: EURICO, Marcia Campos et al. Antirracismo e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2022.

WILLIAMS, E. Capitalismo e Escravidão. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Publicado
2024-12-19
Como Citar
Brito da Silva Sinézio, F. (2024). Trabalho, racismo e saúde mental no Brasil: reflexões sobre o trabalho livre do escravismo tardio aos nossos dias. Perspectivas Sociais, 10(02), 196-213. https://doi.org/10.15210/rps.v10i02.26898