OS CONDENADOS DO ESPAÇO URBANO

REFLEXÕES SOBRE O DIREITO À CIDADE A PARTIR DA ANÁLISE DA DINÂMICA DE OCUPAÇÃO E DO PERFIL POPULACIONAL DA COMUNIDADE NOVA ESPERANÇA (CAMPO MAGRO/PR)

Palavras-chave: Cidade, Moradia, Segregação

Resumo

A Comunidade Nova Esperança, situação a qual se analisou, é uma área ocupada inicialmente no contexto da pandemia causada pelo coronavírus, por aproximadamente 1.100 famílias, no qual os núcleos familiares de baixa renda, diante das dificuldades intensificadas pela crise sanitária, migraram para áreas precárias ou, quando possível, para o compartilhamento de moradia. Esse artigo buscou sintetizar um breve estudo sobre a dinâmica de ocupação do espaço urbano tendo como orientação a noção de segregação socioespacial, em especial no contexto de Curitiba, resgatando elementos teóricos críticos sobre direito à cidade, relacionando-os com análise sobre o perfil dos ocupantes da Comunidade Nova Esperança. Isso foi realizado com o objetivo de responder as inquietações iniciais de que determinados grupos compostos por negros, latinos, imigrantes e refugiados são, numa analogia a Frantz Fanon, os condenados da terra (e do espaço urbano). Por condenados, entende-se que são esses grupos que mais sofrem ao serem deixados à margem da dinâmica de produção do espaço urbano.

Biografia do Autor

Giovanna Maria Casais Menezes, Universidade Federal do Paraná.
Advogada na organização Terra de Direitos. Mestranda em Direitos Humanos e Democracia pela UFPR. Associada ao Instituto de Pesquisa em Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS) e integrante Núcleo de Direito Cooperativo e Cidadania (NDCC) do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD).

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Publicado
2024-07-19