O CONTENCIOSO SIMBÓLICO DA OPERAÇÃO LAVA JATO

OS PRODUTORES DO SENTIDO DA CORRUPÇÃO

Palavras-chave: Corrupção, Elites, Mídia, Lava Jato

Resumo

O presente artigo analisa a tradução midiática da Operação Lava Jato no período 04/03/2016 a 07/05/2018. Tal empenho mobiliza uma sistematização das distintas noções do conceito corrupção dentro das Ciências Sociais e assume no desenvolvimento da pesquisa uma determinada premissa epistemológica, essa associada ao paradigma simbólico do fenômeno, que circunscreve múltiplos agentes no cenário denominado escândalo político, cujo resultado constitui um campo de disputa para formular a versão dominante do que é Oficial e do Universal dentro do Estado. Explora através desse preceito teórico um modelo de posicionamento relacional que expressa tanto os agentes selecionados como as estruturas correspondentes dos mesmos em um plano bidimensional cartesiano. Feito isso, explora através de uma estrutura de agentes específica, a saber, a mídia especializada, a sua tomada de posição na escolha linguística na imputação do termo corrupção, cuja investigação descreve se o mesmo é arbitrado em uma lógica de classes, isto é, em face das estruturas, ou atomista, em torno dos agentes, o que se poderia inferir, de alguma maneira, dos traços constitutivos da percepção da corrupção pelo grande público.

Biografia do Autor

Haron Barberio Francelin, Universidade de São Paulo
Possui Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (2015). Bacharelado em Direito pelo Centro Universitário Central Paulista (2022). Mestrado pela Universidade Federal de São Carlos no Programa de Pós-graduação em Ciência Política-PPGPOL (2023). Atualmente, faz parte do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política na qualidade de doutorando. Tem como linha de pesquisa o Supremo Tribunal Federal (STF) através da metodologia prosopográfica e das dinâmicas de recrutamento, no recorte pós-democratização.

Referências

ACKERMAN, R. S. Corruption: a study in political economy. New York: Academic Press, 1978.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BENZECRI, J.-P. Correspondence analysis handbook. New York: Dekker, 1992.

BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo/Porto Alegre: Edusp/Zouk, 2007.

_______. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1996.

_______. Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1996.

_______. Sobre o Estado. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

CHAIA, VERA e TEIXEIRA, MARCO ANTONIO. Democracia e escândalos políticos. São Paulo em Perspectiva, v. 15, n. 4, 2001.

CALLON, M. Some elements of a sociology of translation: domestication of the scallops and the fishermen of St. Brieuc Bay. The Sociological Review, v. 32, n. 1, p. 196-233, 1986.

CODATO, A. Metodologias para a identificação de elites: três exemplos clássicos. Curitiba: Editora UFPR, 2015.

DE SAINT MARTIN, M. Da reprodução às recomposições das elites: as elites administrativas, econômicas e políticas na França. Revista TOMO, n. 13, p. 43-74, 1995.

DEZALAY, Y. & GARTH, B. A construção jurídica de uma política de notáveis: o jogo duplo da elite do judiciário indiano no mercado da virtude cívica. Revista Pós Ciências Sociais, v. 12, n. 23, p. 37-60, 2015.

FILGUEIRAS, F. A corrupção na política: perspectivas teóricas e metodológicas. Cadernos Cedes, 5, 1-29.2006.

_______. A tolerância à corrupção no Brasil: uma antinomia entre normas morais e prática social. Opinião Pública (Unicamp, impresso), v. 15, p. 386-421, 2009.

FILGUEIRAS, F. e AVRITZER, Leonardo. Corrupção e controles democráticos no Brasil. Revista Dados, v. 1, n. 1, Ipea (Coleção Perspectivas do Desenvolvimento Brasileiro, vol. I), 2011.

GRUN, R. Da pizza ao impeachment. São Paulo: Editora Alameda, 2016.

SEEFELD, R.; RESE, N. Para bom entendedor, meia palavra basta?!: um estudo sobre as narrativas produzidas por agentes de mídia na tradução do papel dos envolvidos na Operação Lava Jato. Cad. Ebape.br, v. 18, n. 1, p. 124-141, Rio de Janeiro, 2020.

O’DONNELL, G. Accountability horizontal e novas poliarquias. Lua Nova, Revista de Cultura e Política, n. 44, 1998.

OLIVEIRA, Fabiana Luci de. Judiciário e política no Brasil contemporâneo: um retrato do Supremo Tribunal Federal a partir da cobertura do jornal Folha de S. Paulo. Dados, v. 60, n. 4, p. 937-975, 2017.
Publicado
2024-07-20