AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS BRASILEIRAS NA CONDUÇÃO DA PANDEMIA

UMA NECROPEDAGOGIA

Palavras-chave: Neoliberalismo, Necropolítica, Necropedagogia, Saúde pública, Pandemia

Resumo

As políticas neoliberais fundamentam uma gestão pública que opera através da necropolítica, sendo o governo Bolsonaro (2019-2022) um caso paradigmático deste fenômeno. A condução da saúde pública durante a pandemia de COVID-19 evidenciou processos estruturais de exclusão que atingiram parcelas significativas da população, culminando no marco de mais de 700 mil mortes evitáveis. O Sistema Único de Saúde (SUS), consolidado em 1988 como conquista democrática e social, enfrentou graves ameaças mediante a negligência estatal deliberada, a propagação sistemática de desinformação e o estímulo calculado à divisão social. Essas práticas institucionalizaram uma necropedagogia que, segundo análises documentais, atingiu cerca de 30% da população brasileira. Caracteriza-se como um projeto de doutrinação social sofisticado, voltado à naturalização da violência contra grupos vulneráveis e à repressão metódica de perspectivas críticas. Tal engenharia sociopolítica buscou forjar uma sociedade conivente com práticas de extermínio seletivo e com a supressão organizada de resistências ao projeto hegemônico, reconfigurando as bases do contrato social em moldes autoritários.

Biografia do Autor

Gabriela de Abreu Oliveira, UFRGS

Doutoranda em Educação pela UFRGS, Mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) na área de concentração em Ciência Política. Graduada do curso de Administração: sistemas e serviços de saúde pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). Participante do Grupo de Pesquisa Estado, Democracia e Administração Pública da UFRGS.

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Publicado
2025-08-20
Como Citar
Oliveira, G. de A. (2025). AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS BRASILEIRAS NA CONDUÇÃO DA PANDEMIA: UMA NECROPEDAGOGIA. Perspectivas Sociais, 11(02), e1127647. https://doi.org/10.15210/rps.v11i02.27647